Depois de obras de modernização e de refuncionalização, que demoraram mais do que era suposto, a Casa da Cultura reabre ao público esta segunda-feira, dia 7 de outubro. Neste que é o Dia do Município, o espaço é devolvido aos oliveirenses e às gentes da região. Em entrevista à Rádio Boa Nova, José Francisco Rolo faz um balanço de três anos de mandato e passa em revista vários dos principais objetivos e concretizações do executivo que lidera.
Depois de inaugurado, a Casa da Cultura César Oliveira, que custou 1,7 milhões de euros, acolhe a sessão comemorativa durante a qual serão homenageados cidadãos e entidades: Artur dos Santos Correia, José Carlos Mendes, José Ricardo Nunes Coelho, Luciano Lourenço, Lucinda Maria Cardoso de Brito, Fernando Prata Durães, Manuel de Melo Cruz, Mestres Alfaiates Octávio Abrantes Maceirinha e Joaquim Mendes e Grupo de Voluntariado Comunitário de Oliveira do Hospital da Liga Portuguesa contra o Cancro. Uma cerimónia que contará com a presença da presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, Isabel Damasceno.
Não faz sentido de outra forma. “Oliveira do Hospital tem gente valiosa e empreendedora”, refere José Francisco Rolo. Perante uma obra que deveria estar pronta “há anos”, o autarca de Oliveira do Hospital lamenta as circunstâncias que levaram ao seu atraso. “Todos nós queríamos esta obra concluída o mais rápido possível e tudo fizemos para que a obra decorresse. Acontece que a obra teve várias suspensões, porque são dois edifícios que tiveram que se unir. De facto foi desafiante”, explica. Segundo José Francisco Rolo, o auditório com cerca de 300 lugares e o conjunto de valências e outros espaços que reforçam os serviços da Casa da Cultura vão proporcionar uma “programação cultural multifacetada, que vai da música ao teatro, às artes cénicas, ao cinema e tudo aquilo que tem palco numa Casa da Cultura”.
Uma oferta para a cidade, para o concelho e para a região, que “seja apelativa e atrativa”. Já na noite desta segunda-feira, António Zambujo será o primeiro artista a pisar o palco. Para além das artes e espetáculos, “esta Casa da Cultura deve ser também um palco de afirmação dos talentos de Oliveira do Hospital e, naturalmente, também um espaço de debate e de reflexão”.
15 milhões de euros investidos em três anos
Volvidos três anos de mandato autárquico, José Francisco Rolo não tem dúvidas de que está a ser “um mandato de grande realização” e que estão a ser “cumpridos os objetivos”. O autarca realça que “foi feito um forte investimento na modernização e valorização da cidade, mas também nas freguesias”. Destaca o Campus Educativo, “o mais moderno da região, que alberga cerca de 450 alunos” do pré-escolar e do 1º ciclo, um investimento acima de seis milhões de euros.
“Em termos de investimento, estamos a falar em mais de 15 milhões de euros investidos neste mandato em várias intervenções”, afirma. Por outro lado, o mandato fica também marcado pela “forte inflação, que acabou por fazer subir o custo das obras” e, consequentemente, levou ao atraso das mesmas”. “Tínhamos um Portugal 2020 para encerrar e tínhamos um PRR para arrancar e, de facto, havia grande pressão para executar e para lançar empreitadas. Agora, quanto ao Portugal 2030, onde Oliveira do Hospital já tem cerca de nove milhões de euros para investir para o próximo ciclo, as obras de modernização da cidade e do concelho não vão parar”, refere.
Fala-se de 15 milhões, mas “na realidade são 22 milhões e 750 mil”, contando já com o investimento de 7,5 milhões destinados à comunidade de energia renovável, com o parque fotovoltaico, sistema de videovigilância e colocação de 5G “que vai valorizar a Zona Industrial”. Ali, naquela zona, está tudo encaminhado para fixar mais empresas. São 27 novos lotes e “há mais pedidos do que os lotes disponíveis”. Também a implementação de abastecimento de gás natural, que hoje serve a cidade e as empresas já está a expandir-se, o que torna o território mais atrativo e competitivo.
Novos investimentos juntaram-se à concretização de velhos anseios
Perante uma vasta carteira de projetos concluídos e em fase de conclusão, José Francisco Rolo considera que os mesmos vieram colmatar “velhos anseios e antigos desígnios de Oliveira do Hospital”. Estamos a falar, por exemplo, do Centro Municipal de Proteção Civil, do Centro de Recolha Oficial de Animais, do Parque dos Marmelos, o “instagramável” Açude da Ribeira, o bairro social João Rodrigues Lagos e, claro, o Centro Histórico com a sua “requalificação, modernização e valorização patrimonial”.
“Hoje todo aquele património e edificado vale mais do que valia antes das obras”, considera. No desporto, paralelamente ao apoio prestado aos clubes e associações, sobretudo nas suas infraestruturas, a autarquia está decidida em apostar num complexo desportivo, que inclua uma novo estádio para a prática do futebol profissional. Aliás, “está inscrito no plano plurianual de investimentos”. Segundo o presidente, “o Município está a trabalhar numa solução” e, inclusive, já reuniu com a direção do Futebol Clube de Oliveira do Hospital.
Há um espaço que é do Município e “há interesse em desenvolver aí as bases de um futuro complexo desportivo”. Refira-se que “ainda durante o mês de outubro, será assinado o auto de consignação para as obras de modernização e de requalificação do estádio municipal, nomeadamente os balneários e a área social”, resultantes de um “contrato-programa com o Governo”.
“Hoje existe um ecletismo de modalidades em Oliveira do Hospital e um nível de competição e isso naturalmente impele-nos a ir à procura de mais e melhor para modernizarmos as nossas infraestruturas”, defende. Segue-se também a remodelação das piscinas municipais. Segundo José Francisco Rolo, “também está a ser trabalhado, no âmbito daquilo que é a ITI da CIM Coimbra, um projeto de remodelação para o pavilhão municipal”. “Essa é a nossa motivação: mais e melhor para Oliveira do Hospital”, frisa.
Ensino Superior: a bandeira deste mandato
“O ensino superior é sempre motor de dinamismo e de crescimento”, defende Rolo. A recordar a “luta para segurar a escola no passado”, a autarquia quer hoje consolidá-la e valorizá-la, num trabalho de parceria com a presidência do Politécnico de Coimbra. A Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTGOH) “cresceu” e tem hoje cerca de 700 alunos. O objetivo é chegar aos mil e para isso estão traçados dois “projetos âncora”. Por um lado, a residência de estudantes, cuja obra arrancou na semana passada, e que representa um investimento de 4,5 milhões. Por outro, as novas instalações que aguardam aprovação de financiamento. Custarão cerca de 6 milhões. “É importante pensar a importância que tem uma escola no centro da cidade, para dar dinamismo, qualificar os alunos, proporcionando oportunidades de empregabilidade na região”, frisa.
Saúde: uma prioridade constante
Antes de se tornar a nova ESTGOH, a escola básica da cidade, que entretanto foi desativada com a abertura do novo Campus Educativo, está pronta para ser, de forma provisória, o Centro de Saúde. A antecipar as obras de remodelação, ampliação e modernização do equipamento de saúde, “a partir do 21 de outubro, o centro de saúde funcionará na antiga escola primária”. A esta altura decorrem obras de adaptação, para “criar todas as condições em termos de receção, acolhimento dos utentes e capacidade de estacionamento”.
Segundo José Francisco Rolo, em breve será assinado o auto de consignação para a grande obra do Centro de Saúde, financiada em 3 milhões de euros pelo PRR. Este é “mais um objetivo cumprido: dar ao concelho e à cidade um equipamento do mais moderno e ajustado àquilo que são hoje as necessidades dos profissionais de saúde e de quem procura cuidados de saúde”. O quadro médico foi reforçado com a colocação de dois médicos. Mas há ainda outros objetivos: reabrir mais extensões de saúde, agora que já reabriu a de Nogueira do Cravo, e proporcionar mais médicos de família. “Eu diria que esse é um empenho semanal, é uma preocupação que está presente”, salienta. Ainda na área da saúde, “estão concluídas as novas instalações da Equipa de Saúde Mental Comunitária”. Para o autarca, “é um grande ganho e uma conquista para Oliveira do Hospital”.
IC6: Uma dívida do Estado para com a região
Para José Francisco Rolo “o IC6 deveria ter sido concluído nos anos 90, quando ficou algures perdido ali, quando terminou o IP3”. Na opinião do autarca, “a região, particularmente o eixo Tábua, Oliveira do Hospital, Seia e Gouveia perdeu muito”, particularmente o concelho oliveirense que tem “grande dinamismo empresarial”, sendo o terceiro da região de Coimbra com mais empresas PME Líder.
“Oliveira do Hospital tem sido [um concelho] penalizado”, lamenta. Com esperança, Rolo avança que “foi agora adjudicado o projeto de execução” e “neste momento decorre a fase dos projetos de especialidade que, após a sua conclusão, será lançado o concurso público internacional”. Segundo o presidente, à Câmara Municipal já chegou um projeto com um novo traçado que “garante os nós essenciais de ligação a Oliveira do Hospital, um junto à Zona Industrial, um outro na zona de Travanca e um outro em Gavinhos”.
Dá conta de que recentemente, acompanhado com os autarcas de Tábua e de Seia, reuniu com o ministro da Infraestruturas “no sentido de apelar à conclusão do projeto e ao lançamento imediato do concurso”. “Mas há aqui um ganho evidente de um processo que estava parado. Hoje temos uma empresa no terreno a realizar o projeto para a execução do IC6. Isto é uma conquista, é um objetivo cumprido. É um passo decisivo”, refere. O desejo é que “rapidamente o concurso seja lançado para que esta região seja, de uma vez por todas, ligada à rede nacional, cumprindo o plano rodoviário”. Para Rolo, o IC6 é “uma dívida do Estado Português para com a região”, relembrando que “a estrada que temos é uma estrada do tempo da monarquia”.
Recandidato? “A seu tempo faremos a reflexão sobre o futuro. Até lá, o objetivo é realizar obra”
Questionado se vai ser recandidato nas próximas autárquicas, Rolo defende que, neste momento, está “empenhadíssimo em concretizar todas as candidaturas com financiamento aprovado e cumprir com os objetivos”. Um dos esses objetivos é a já anunciada redução no IMI para 0,32.
“Neste momento estou empenhado em fazer. O executivo está empenhado em concretizar investimentos. A seu tempo, até ao final do ano, início do próximo, todos juntos faremos a reflexão sobre o futuro. Até lá, o objetivo é mesmo realizar obra”, confessa. Para esta reta final, há ainda “quase um milhão para executar nas freguesias”. Até ao final do ano, seis juntas de freguesia passarão a dispor de Espaços do Cidadão. Paralelamente a estes investimentos, o Município tem para atribuir às freguesias 840 mil euros diretos para as suas atividades e seus projetos.
Sem dar a garantia de que será, de novo, candidato, Rolo avança que “o próximo executivo tem, neste momento, 8,7 milhões aprovados no âmbito da ITI da CIM Coimbra. “Aqui acrescem mais 930 mil euros de reforço de verbas para intervenção na área da saúde, remodelação de instalações”, dá conta. Contas feitas, são 15,5 milhões de euros já investidos e mais 7 milhões, a breve trecho.
“Este é um executivo realizador que investiu fortemente na modernização da cidade e apostou nas freguesias. Continuamos imparáveis, seja na realização de candidaturas, seja na angariação de financiamento de fundos comunitários”, diz, pedindo “desculpa aos oliveirenses e ao concelho pelos constrangimentos que as obras criam”. “Mas aquilo que estamos a fazer é para dar competitividade e modernidade ao concelho de Oliveira do Hospital. E é essa força que nos motiva e que nos impele a estar na linha da frente”, conclui.