Os candidatos da CDU pelo Circulo de Coimbra às eleições legislativas visitaram, ontem, Oliveira do Hospital com o objetivo de se “inteirarem da possível evolução” da poluição dos rios e do “perigo que constitui a unidade fabril Sonae Arauco”.
Em declarações à Rádio Boa Nova, Paulo Coelho, candidato d’ Os Verdes, confessou que “a evolução que houve não foi no melhor sentido”.
“Nós compreendemos que seja uma indústria importante num concelho que tem perdido população e, portanto, é fundamental criar postos de trabalho. Não é, de todo, isso que está em causa. O que está em causa é o compromisso que todos devemos ter em termos ambientais. Há regras que têm de ser cumpridas por todos nós”.
O candidato defende, por isso, que “a empresa não deve contribuir para o passivo ambiental”. Realçando as questões do ruído, poluição atmosférica e o facto de a empresa se situar a 50 metros de habitações, Paulo Coelho garante que, “na eventualidade de serem eleitos”, vão “questionar o Governo sobre quais as medidas que já foram tomadas”.
Sobre a poluição dos rios, nomeadamente o rio Cobral, o candidato sublinha: “É mais um exemplo que não nos agrada”.
À Rádio Boa Nova, o político realçou que “há mais de 15 anos que Os Verdes, com os seus dois deputados na Assembleia da República, têm alertado para esta questão”. “Aquilo que nos tem chegado é que tem havido um conjunto de empresas, algumas ligadas ao setor leiteiro, que têm feito descargas no rio Cobral”, adiantou, garantindo que o partido “quer averiguar a situação para a transportar até à Assembleia da República, questionando o Governo”.
Defendendo que a “pastorícia é importantíssima”, Paulo Coelho ressalva que “é preciso acautelar que não haja prejuízo”. A solução passará pelo “tratamento adequado dos efluentes”, sendo que “alguns até podem ser tratados e valorizados para a agricultura”.
A acompanhar a visita, João Dinis, que tem assumido a liderança da CDU no concelho, realçou que se tratam de problemas antigos, que parecem não ter resolução à vista.
Considerando a visita dos candidatos para “constatar a realidade”, João Dinis não esquece o trágico incêndio de 15 de outubro de 2017 para defender que “deveriam haver outros cuidados na organização da empresa” [Sonae Arauco]. “É uma empresa muito importante para a economia do país e da região. Não é isso que está em causa.”, disse, questionando “quem autorizou” a expansão da unidade fabril.
No que diz respeito às descargas nos rios que levam à sua poluição, o conhecido vila-franquense adianta que os rios Ribeira dos Cavalos, Seia, Cobral, Mondego e Alva “são sujeitos a focos de sujidade originados pelas ETARs”.
Apelou, por isso, à empresa Águas Públicas da Serra da Estrela e à Câmara Municipal de Oliveira do Hospital que “corrijam o mau funcionamento das ETARs” e que “impeçam esses focos de poluição”.