De saída da presidência da Junta de Freguesia de Lagares da Beira por atingir o limite de mandatos, Olga Bandeira (PS) não tem dúvidas de que, hoje em dia, esta vila do concelho de Oliveira do Hospital não é a mesma desde a sua chegada ao poder autárquico.
Em entrevista à Rádio Boa Nova, no âmbito do ciclo de entrevistas “Junta à Conversa”, uma das poucas mulheres autarcas de freguesia do concelho revelou que no início “não foi fácil”, pois “ainda estamos numa sociedade que (…) ainda é um bocadinho reticente em entender que as mulheres são tão capazes como os homens”.
Olga Bandeira não é natural de Lagares da Beira, onde reside há quatro décadas, mas garante que já fez por esta “terra” mais do que algum diz fez por Coimbra, de onde é.
“Eu ganhei essa empatia, consigo pôr-me no lugar dos outros, sempre fui uma pessoa muito aberta e acho que conquistei as pessoas com essa maneira de ser e de estar”, contou.
Na Rádio Boa Nova afirmou que nunca “vislumbrou ser presidente de junta”, no entanto não esconde que ficou “entusiasmada com a ideia” quando lhe foi lançado este desafio. Ao longo destes 12 anos, a autarca fez por “manter a linha de relacionamento entre executivo e população que vinha de trás”.
“Procurei sempre estabelecer uma empatia. Consegui sempre ouvir as pessoas e tentar solucionar aquilo que era possível. Nunca fiz diferença nos tratos sociais. Para mim, o mais humilde e o senhor presidente tal, foram sempre tratados da mesma maneira. Olhei-os sempre como pessoas e são elas que importam e estão em primeiro lugar. Sempre que as pessoas me abordam, seja onde for e para quem for, eu estou disponível para as ouvir e eu acho que isso que é muito importante”.
No “Junta à Conversa”, a presidente fez um balanço das obras e dos projetos que ganharam vida nesta última década. Destacou o dinamismo associativo da vila e a importância de Lagares da Beira dispor de serviços essenciais como uma corporação de Bombeiros, uma extensão de saúde, uma farmácia, um Campus de Tecnologia, correios, um lar de idos, ensino do pré-escolar até ao ensino básico e, mais recentemente, um Centro Comunitário.
Mais do que obras físicas de grande dimensão, Olga destacou as “pequenas” que, diariamente, fazem diferença no dia-a-dia da população.
Nestes últimos meses que tem pela frente, a autarca ambiciona ainda avançar com a “pavimentação da rua entre a Avenida dos Olivais e a Estrada Municipal, requalificar de novo o parque infantil, dar uma nova visibilidade ao Largo da Feira, alargar alguns caminhos rurais e fazer alguns arranjos no cemitério”.
Olga Bandeira abordou ainda “uma obra muito importante” que, “por questões económicas” ainda não foi possível concretizar: “a Casinha da Música”. “Nós fomos brindados, em testamento, com uma casa que vai ser a Casinha da Música, no Largo da Feira”, contou, referindo que “será uma obra muito dispendiosa”. O executivo aguarda, por isso, por uma possível candidatura a um programa que possa financiar de certa forma. Segundo Olga, “a pessoa em causa, que deixou à Junta de Freguesia essa casa, queria que fosse só ligada à música”.
Questionada se, 12 anos depois, se sente uma autarca realizada, não hesitou em responder: “Sinto. Saio com a consciência de que fiz o melhor que sabia e o melhor que podia, dentro daquilo que era possível”.
Na Rádio Boa Nova, a autarca não esconde que, se fosse possível, gostaria de se recandidatar ao cargo. “Vou sentir saudades, por toda a convivência, por toda a aprendizagem, por tudo aquilo que damos e também por tudo aquilo que recebemos. E reconheço que às vezes até darei menos do que recebo. Mas aquilo que dou é com boa vontade e com a certeza de que cumpri com aquilo que devia”.
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