Há 23 anos a prestar apoio aos peregrinos de Fátima, José Agostinho Nunes voltou este ano, praticamente sozinho, a cuidar das feridas das pessoas, que movidas pela fé em Nossa Senhora, se fizeram à estrada para participar nas celebrações de 13 de maio. Desde sábado, na Casa e no novo pavilhão da Irmandade do Divino Senhor das Almas, passaram perto de duas centenas de pessoas, que ali receberam alento para o corpo e para a alma.
Na génese de um grupo solidário que veio a ser chamado de “Stop Solidário” e contou com o envolvimento de várias pessoas, José Agostinho Nunes viu-se este ano a braços com a falta de voluntários para apoiar os peregrinos. Mas, movido pela fé que tem em Nossa Senhora de Fátima, o homem acolheu desde sábado vários grupos de peregrinos vindos de pontos como Vilar Formoso, Guarda, Vila Flor, Carrazeda, Pinhel, Vila Nova de Foz Côa, entre outros lugares.
Contou com o apoio de Carlos Santos, membro da Irmandade do Senhor das Almas, da esposa e da filha, também do Município de Oliveira do Hospital que assegurou colchões, pomadas e outro material e, do lar de Santa Ovaia que forneceu algumas refeições. Também foi essencial o apoio da Junta de Freguesia de Nogueira do Cravo que, junto da Associação Desportiva Nogueirense, assegurou os banhos quentes aos peregrinos.
“As pessoas têm a fé que têm, e nós ajudamos no que nos é possível. Pedi ajuda a diversas pessoas, mas não vieram”, afirmou à Rádio Boa Nova, lamentando a falta de voluntários neste ano. Admite que o grupo Stop Solidário se tenha dispersado devido à pandemia. Porém faz notar que já “está velhote “ e só fez o que pode. “As pessoas ficaram contentes”, frisou.
Pelo ponto de apoio no Senhor das Almas passaram pessoas a necessitar de alguns cuidados, mas que não chegaram tão maltratadas como em anos anteriores, porque “as pessoas já têm mais cuidado e o tempo esteve mais fresco”.
Porém, não deixa de lamentar que o INEM tenha recusado prestar auxílio a uma peregrina que ali chegou com um braço magoado devido a uma queda no percurso. José Agostinho logo percebeu que a mulher tinha o braço partido, mas o caso foi desvalorizado pelo INEM que considerou que a situação não era grave. Segundo contou à Rádio Boa Nova, a mulher teve que pagar cerca de 90 Euros aos Bombeiros Voluntários de Oliveira do Hospital para ir a Coimbra colocar gesso no braço. “É vergonhoso um peregrino ter um acidente e não haver quem o socorra”, lamenta José Agostinho Nunes.