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J.Guerra: “O regresso vai ser um momento importante para nós e para os nossos colaboradores” (com vídeo)

Passados três anos, desde o grande incêndio que dizimou a empresa J.Guerra, na Zona Industrial de Oliveira do Hospital, estão praticamente concluídas as obras de reconstrução. Os irmãos Paulo e Cláudio Guerra, com o apoio do pai Joaquim Guerra, esperam iniciar a mudança em breve, certos de que o regresso à “casa mãe” vai ser “um momento importante para nós e para os nossos colaboradores”.

Contas feitas, após o fatídico 15 de outubro de 2017, os prejuízos na J.Guerra foram na ordem dos 15 milhões de Euros. O fogo que, naquela noite era incontrolável, destruiu as instalações da empresa, cerca de 12 mil metros quadrado, a maquinaria, matéria prima e produto acabado. A empresa que, nesse ano, completava 50 anos de atividade, dava emprego a 50 trabalhadores, que faziam da J.Guerra uma empresa líder de mercado na sirgaria e passamanaria, com uma presença forte no exterior.

Ainda que muito abalados, Paulo e Cláudio não se deixaram desarmar. Afinal a empresa que o pai tinha criado há meio século não poderia ficar reduzida a cinzas e a uma amálgama de ferro.

Abrangida pelo programa REPOR, destinado a apoiar as empresas afetadas pelo grande incêndio, que assegura 85 por cento do investimento seis milhões de Euros na reconstrução da empresa e recuperação de maquinaria, a J.Guerra já reergueu a “casa mãe”, prevendo-se a mudança para breve.

Ainda falta colocar o nome da empresa na fachada principal e os arranjos exteriores. “Está praticamente na reta final”, referiu à Rádio Boa Nova, Paulo Guerra, prevendo que “dentro de um mês (a obra) fica pronta para iniciarmos a mudança”.

Numa visita ao local, o irmão Cláudio Guerra recordou que as obras arrancaram no início do ano de 2019. Mas não bastando a “ desgraça do incêndio”, também a empresa se deparou com a pandemia Covid-19, situação “que veio provocar alguns atrasos” no avanço da obra, verificou Paulo Guerra.

Desde o dia 15 de outubro e dada a existência de apoio por via do programa REPOR dinamizado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, a família Guerra “sempre teve esse foco de reconstrução”. “Sem apoio”, refere Cláudio Guerra, “o investimento que era preciso para reerguer a empresa era insustentável” por parte da empresa.

No processo de recuperação, os irmãos Guerra decidiram “refazer o que cá estava, adaptando pormenores que poderíamos melhor”. “Foi essencialmente recuperar o que tínhamos, respeitando a área”, conta Paulo Guerra, notando que a escadaria que inicialmente não foi demolida, teve que ser depois mexida, mantendo contudo a mesma traça e aproveitando o granito da escadaria inicial e balaústres.

Neste percurso de três anos, Paulo e Cláudio contam com o apoio e presença diária do pai. “Está connosco a dar-nos impulso e vontade para seguirmos o que está delineado”.

A empresa que, pouco depois do incêndio, retomou a laboração num espaço que adquiriu também na Zona Industrial, recuperou os postos de trabalho. Cláudio Guerra espera ainda que neste mês seja feita a contratação de um comercial para a zona do Porto.

O caminho tem sido de recuperação e até de inovação, seja através do apetrechamento de maquinaria mais moderna, seja ao nível do produto acabado. Mas, refere Cláudio Guerra, “vamos ficar sempre aquém daquilo que era a J.Guerra antes do incêndio”.

A empresa líder de mercado manteve os seus clientes, que depois do incêndio, “esperaram” pela J.Guerra. Na Sirgaria, a empresa está praticamente a recuperar a posição de líder de mercado, sendo que na passamanaria, cujo produto principal são as fitas de cortina, a J.Guerra já tem “produtos únicos que, a nível de mercado, não há ninguém que faça”. Para isso tem valido a perseverança da família Guerra, mas também a “experiência” dos seus colaboradores. Cláudio Guerra dá o exemplo da produção de elástico. “Já produzíamos algum elástico e com a Covid-19 adaptámos máquinas para a produção de elástico”  que é utilizado nas máscaras e, é por isso, um “produto vendável”.

Nos próximos dias, a empresa vai iniciar a mudança que “será faseada”. “Não vamos parar para mudar”, refere Paulo Guerra, antecipando que “o regresso vai ser um momento importante para nós e para os nossos colaboradores, porque vamos ter mais capacidade, mais espaço para poder desenvolver melhor a nossa atividade”.

O espaço temporal de três anos foi para Cláudio Guerra “um longo processo”. “Os apoios estão a chegar, mas é sempre pouco”. “Para quem perdeu 15 milhões de Euros e vai só recuperar seis milhões, é pouco. Ficamos a perder. Mas o nosso ADN é sempre a conquista e o nome ‘Guerra’ poder ter alguma influência na vontade e no querer fazer algo diferente e melhor”.

Os países de Leste e a Espanha continuam a ser os principais mercados no exterior. “Queremos aumentar logicamente, mas não podemos ter tudo ao mesmo tempo”, constata Paulo Guerra.

Agora o foco é a mudança para as novas instalações. Mas, Paulo Guerra  nota que “este é um desafio que não acaba aqui”. Pela frente está a “fase de implantação do projeto e do desenvolvimento”.

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