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Incêndios de outubro: Mais de metade das causas foram intencionais ou negligentes

Segundo o relatório da Comissão Técnica Independente entregue ontem no parlamento, “em termos de grandes grupos de causas (…) 40% tiveram origem em reacendimentos, 40% em causas intencionais e 20% em negligentes”.

Os elementos da comissão técnica admitem que as causas intencionais “são as que apresentam maior dificuldade na compreensão e na antecipação, por não ser conhecido o seu móbil, exceto posteriormente, se capturado e obtida confissão dos autores”.

Quanto às causas negligentes, “são já bastante mais previsíveis e podem permitir a atuação por antecipação”, refere o relatório.

“A renovação da pastagem é uma causa frequente no nosso país”, indica o documento, acrescentando que ela pode ser “antecipada através do uso do fogo em momentos adequados e previstos na regulamentação”.

Nas causas negligentes os técnicos incluem a ignição com origem nas linhas elétricas, afirmando que, neste caso particular, em que terá sido provocada por queda de uma árvore sobre uma linha de média tensão, “pode resultar do não cumprimento do regulamento de segurança das linhas elétricas pela entidade gestora, a EDP”.

“Trata-se, neste caso, de situações devidamente regulamentadas e cujo cumprimento pode só por si evitar situações deste tipo e todas as suas consequências”, acrescenta o relatório.

Os reacendimentos são outra das causas “bastante importantes” nestas ocorrências, referem os técnicos, sublinhando que são situações em que “o desempenho no combate tem que ser nitidamente melhorado, nomeadamente através da implementação de ações de rescaldo e de vigilância adequadas”.

“A utilização adequada de máquinas de rasto para a consolidação de rescaldos, por operadores devidamente formados e acompanhados, com verificação dos perímetros com maior risco de deflagração e expansão, nomeadamente através da utilização de câmaras de infravermelhos, e a vigilância armada nesses locais, deverão ser medidas a implementar em todas as situações com potencial de deflagração de grandes incêndios”, acrescenta.

O relatório da Comissão Técnica Independente relativo aos fogos de outubro envolveu oito distritos das regiões Centro e Norte.

O documento conclui que falhou a capacidade de “previsão e programação” para “minimizar a extensão” do fogo na região Centro, perante as previsões meteorológicas de temperaturas elevadas e vento.

O relatório acrescenta que a Autoridade Nacional de Proteção Civil pediu um reforço de meios para combater estes incêndios devido às condições meteorológicas mas não obteve “plena autorização a nível superior” e a atuação do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) foi “limitada” por falhas na rede de comunicações.

Os peritos consideram que tem de haver das autoridades “flexibilidade para ter meios de previsão e combate em qualquer época do ano” e defendem a criação de uma unidade de missão para reorganizar os bombeiros.

Fonte: Lusa

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