A constituição da Associação de Vítimas do Maior Incêndio de Sempre em Portugal (AVMISP) foi uma reação imediata à tragédia que, no dia 15 de outubro, se abateu …
… sobre o concelho de Oliveira do Hospital e a região. Passados seis meses, Luís Lagos presidente da AVMISP olha com “ansiedade” para o que foi feito e falta fazer, notando que o objetivo maior é que “isto nunca mais volte a acontecer”.
Por coincidência, foi exatamente num dia de domingo que os oliveirenses e gentes da região viveram, no dia 15 de outubro, o pior dia das suas vidas. A Luís Lagos faltam as palavras para descrever aquele fatídico dia. “Recordo com grande amargura”, diz hoje à Rádio Boa Nova, para no entanto se recusar a encarar aquele como o “pior dia das nossas vidas”, ainda que saiba de antemão que “aquilo que nos aconteceu, não pode acontecer num país de primeiro mundo”. Por isso, logo reagiu e com outros avançou com a criação da AVMISP. Não demorou uma semana. “O nosso principal objetivo é que isto nunca mais volte a acontecer”, garante.
Meio ano passado desde o grande incêndio, Luís Lagos partilha a “ansiedade” que sente. “A destruição realizou-se em cinco segundos, mas a recuperação demora muito mais”, refere, aludindo à carga burocrática associada à recuperação de casas, empresas e atividade agrícola. Entende o dirigente que a “região precisa, de facto, de renascer”, mas verifica que tal ainda não está acontecer. Em seis meses, o aumento dos apoios conseguidos nas áreas agrícola e empresarial” representa uma conquista para a AVMISP. “Mas isso não chega”, refere Luís Lagos que, a esta altura, entende que “é preciso um debate a dois tempos: o debate reivindicativo” e “o debate da interioridade que já deveria ter existido”. Precisamos que esta região se desenvolva e tenha capacidade de tração”, defende o dirigente.
No que respeita à recuperação das primeiras habitações, Luís Lagos gostaria que se cumprisse a vontade já manifestada pelo Presidente da República que apontou o final deste ano como prazo limite. Mas constata: “são muitas casas, muito papel e muita burocracia para analisar”. Preocupa-o o apoio de apenas 2500 Euros para o recheio das habitações. “Não é suficiente”, alerta.
A representar familiares de vítimas mortais do concelho e da região, o dirigente só lamenta que as indemnizações não tenham sido pagas antes do Natal. “De resto, correu muito bem. Não há nenhuma queixa dos associados”, frisou, verificando que o processo dos feridos “está mais demorado” porque foi iniciado “mais tarde”.
A AVMISP tem sede em Oliveira do Hospital, mas rapidamente alcançou dimensão regional, representando cerca de 300 lesados de vários concelhos como Tondela, Santa Comba Dão, Mortágua, Seia, Tábua, Arganil, entre outros.