O município de Góis acolheu hoje cinco refugiados sírios de etnia curda e “está empenhado” na sua integração.Lurdes Castanheira, presidente da Câmara de Góis disse à agência Lusa que se trata de uma família oriunda da cidade de Alepo, um casal e três filhos menores, que ficam alojados numa habitação que pertence à Câmara Municipal de Góis.
“É tudo novo, para nós também. Faremos o melhor para que se sintam em família” neste concelho do interior do distrito de Coimbra, afirmou Maria de Lurdes Castanheira, frisando que existem “diferenças culturais enormes” entre os portugueses e os povos daquela região do Médio Oriente.
Estes cidadãos de Alepo são amigos de um refugiado da mesma cidade do norte da Síria, que se fixou com a família nos últimos anos em Miranda do Corvo, onde foram apoiados pela Fundação ADFP, a que preside o médico social-democrata Jaime Ramos.
Do grupo agora instalado em Góis, os três filhos menores têm entre cinco e 15 anos.
O homem, de 33 anos, teve as profissões de taxista e jardineiro, enquanto a mulher é doméstica e tem 35 anos.
Encontravam-se há cerca de dois anos num campo de refugiados, na Turquia, de onde partiram na quarta-feira num voo para Lisboa, tendo viajado depois numa viatura da autarquia para Góis, onde chegaram depois das 21h00.
Na capital, foram cumpridas diversas formalidades legais por parte do Alto Comissariado para as Migrações (ACM) e do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).
A sua nova habitação, um T3, “foi toda preparada há três meses” para o efeito, disse a autarca do PS.
Na manhã de hoje, após uma receção pela presidente, nos Paços do Concelho, os novos residentes de Góis foram fazer compras no comércio local, com apoio do compatriota radicado em Miranda do Corvo, que tem ajudado também na tradução.
Técnicos da Câmara acompanharam igualmente os cinco sírios numa visita à vila, a fim de lhes dar a conhecer os Bombeiros, escolas, farmácia, Centro de Saúde, Finanças, banco, Correios e Segurança Social, entre outros serviços.
Nesta família, nenhum dos seus membros fala português ou inglês. Eles dominam sobretudo o árabe e o curdo, mas o pai e o filho mais velho falam também turco.
“Estamos na expectativa, é um desafio para nós”, declarou Lurdes Castanheira, presidente de um município montanhoso com pouco mais de 4.000 habitantes e que, tal como outros concelhos vizinhos, não parou de perder população desde meados do século XX.
A autarquia, “nesta fase, deverá dar o exemplo e criar uma oportunidade” para a integração desta família, fazendo mesmo esforços para assegurar o primeiro emprego aos seus elementos em idade ativa, com envolvimento de outras entidades locais, defendeu.
Há dois anos, quando a cidade de Alepo era flagelada pelos conflitos militares da guerra civil na Síria, a Câmara de Góis disponibilizou-se para acolher refugiados do país, tendo feito a sua inscrição com esse objetivo na Plataforma de Apoio a Refugiados (PAR).