Faleceu, hoje, no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) Joaquim Mendes, “um Ilustre Merugense, Incontornável Referência Cultural e Cívica da Freguesia de Meruge e do nosso concelho de Oliveira do Hospital”, como avança a Freguesia de Meruge, em nota de pesar enviada à Rádio Boa Nova.
Segundo a agência funerária responsável, o corpo de Joaquim Mendes está em repouso em câmara ardente na Casa Mortuária de Meruge desde as 16h00 desta terça-feira (26). O funeral realiza-se quarta-feira (27) pelas 15h45 e, de seguida, vai para a Capela Nossa Senhora da Conceção de Meruge, onde haverá as cerimónias fúnebres pelas 16h00. Segue-se o cortejo fúnebre para o cemitério de Meruge, onde vai a sepultar.
Segundo a autarquia presidida por João Abreu, “quando já convalescia da intervenção cirúrgica de urgência a que tinha sido submetido no CHUC”, Joaquim Mendes “teve uma recaída inesperada e veio a falecer naquele estabelecimento hospitalar”.
“O Senhor Joaquim Mendes, contava 92 anos de idade, era um Mestre Alfaiate dos mais renomeados da região, e foi recentemente agraciado pelo executivo Municipal, com a Medalha de Mérito do Concelho.
Embora tenha nascido na localidade de Várzea de Meruge, Concelho de Seia, chegou a Meruge com 9 meses de idade, onde passou a residir e a trabalhar, até hoje.
Iniciou a aprendizagem da arte de alfaiate depois de ter feito o exame da 3ª Classe, por volta dos 11 anos de idade, na oficina do Mestre José Antunes;
Após cumprir o serviço militar em Lisboa, inscreveu-se na Academia de Corte Maquidal, na Rua da Palma, na capital, para apurar a destreza no “corte” e na confeção dos fatos por medida, o que lhe permitiu, com cerca de 22 anos de idade e ainda solteiro, estabelecer-se por conta própria.
Pela qualidade do seu trabalho, granjeou numerosa “freguesia”, no Concelho de Oliveira e nos concelhos vizinhos de Seia e Tábua, razão pela qual teve de admitir empregados ao seu serviço, uns como aprendizes, outros já a saber da profissão e outros ainda a trabalhar em casa, “à peça”. Era o único alfaiate na região a trabalhar casacos e outras peças em cabedal. Foi ele, igualmente, quem confecionado os trajes para o Rancho Folclórico de Avô.
Contava 70 anos de estabelecimento com oficina própria e, apesar da idade e da falta de visão, não dispensava a costura, nem que fosse para “pregar um botão”.
Evidenciou-se como poeta popular, arte que iniciou aos 54 anos de idade, tendo composto inúmeras letras para as Marchas da Freguesia de Meruge. Escreveu dois livros em prosa e em verso, com as suas memórias e foi actor e ensaiador de teatro.
Após as primeiras eleições autárquicas de 1976, pôs ao serviço da Freguesia os seus dotes de pessoa séria, cordata e competente, exercendo funções em várias mandatos, nomeadamente como Tesoureiro e Secretário da Junta e Presidente da Assembleia de Freguesia.
Morreu um homem bom, uma referência incontornável da nossa Freguesia pelas suas qualidades de pessoa integra e elevada consciência cívica.
A Junta de Freguesia de Meruge, em seu nome e representando o sentimento dos membros da Assembleia de Freguesia, endereça à família, em especial à Amélia ao Joaquim Garcia e à Drª Marta, um forte abraço de solidariedade nesta hora de perda. Lembrando Camões, podemos dizer com propriedade, que o Senhor Joaquim Mendes, pelo seu percurso de vida está no reduzido lote dos que “se foram da lei da morte libertando”.
Meruge, 26/11/2024
João Alberto Abreu, Ana Sofia Viegas, Sandra Cabral Gouveia.