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“Este é o dia que nós nunca gostaríamos de ter”

Foto arquivo 2021

Na sexta-feira, dia 15 de outubro, completaram-se quatro anos desde o trágico incêndio ocorrido em 2017. A data foi assinalada em jeito de homenagem às 13 vítimas mortais, com colocação de velas e flores nos cemitérios e em frente à Igreja Matriz de Oliveira do Hospital onde foi celebrada uma missa pelas vítimas do grande incêndio.

O dia foi de pesar para as famílias que, há quatro anos perderam os seus entes queridos, e de lamento para o executivo Municipal de Oliveira do Hospital que preferia não ter que assinalar a efeméride. “Este é o dia que nós nunca gostaríamos de ter”, considerou o presidente da Câmara, José Carlos Alexandrino, à saída do cemitério de Ervedal da Beira onde foi sepultada Bernarda Matias. “Mas a vida, infelizmente, é assim e temos que pugnar pelo desenvolvimento do concelho de Oliveira do Hospital, mas fazendo sempre homenagem àqueles que partiram em condições tão difíceis. Não deve haver uma morte pior do que a de uma pessoa queimada”, comentou ainda.

A recordar o fatídico dia, o autarca oliveirense comparou o “nosso incêndio com uma guerra que deixa consequências terríveis nas famílias. Onde há morte, onde há dor. Foi isso que aconteceu aqui no concelho de Oliveira do Hospital, onde morreu o maior número de pessoas. Para mim como presidente foi um drama que tenho acompanhado através destes anos com muita dor”.

Considerou ainda o presidente, que está de saída da presidência da Câmara Municipal, que “tudo se recupera e poderá demorar 50 anos, mas voltaremos a ter floresta”. Mas nota que “há uma coisa que não se recupera” que é a vida das 13 pessoas que morreram. “A dor daqueles que sofreram pela perda dos seus entes queridos e a dor daqueles que foram queimados, e Graças a Deus, hoje sobrevivem, como é o caso da Leonor que sigo de perto, é uma dor enorme que marcará para sempre estas famílias”.

Também para a filha de Bernarda Matias, o grande incêndio e o que resta dele “é mesmo uma guerra, em que continua uma revolta”. “Porque não se aceita perder uma mãe nestas condições e depois de ter estado tantos meses a lutar (pela vida) e ter tido este desfecho. Agradeço esta homenagem pelas vítimas”, disse emocionada.

A recordar a conterrânea falecida, que à data era funcionária da Junta de Freguesia a que preside, Carlos Maia, autarca de Ervedal e Vila Franca da Beira recordou a força de Bernarda Matias que “resistiu oito meses e acabou por claudicar a todas as consequências do fogo e não conseguiu resistir”.  “Nunca vamos esquecer a Bernarda. Esta justa homenagem tinha que ser feita. Mas as homenagens são todos os dias e todos os anos”, frisou.

O momento vivido junto à Igreja Matriz onde foi celebrada a Missa de Homenagem foi também de “grande simbolismo e com uma grande carga de saudade. O objetivo do Município foi de transmitir às famílias e ao concelho que “não nos esquecemos dessas pessoas que partiram, elas estão presentes nos nossos corações, nos corações dos seus familiares”.

Num balanço à recuperação do concelho, José Carlos Alexandrino aponta a floresta como “um caso dramático porque estamos muito longe da recuperação”. No que respeita às empresas e primeiras habitações “houve realmente um trabalho fantástico”, já  a recuperação de segundas habitações “não foi totalmente conseguida”. “Na agricultura também se conseguiu recuperar uma parte, mas há a parte que ainda hoje não está avaliada, que é a aparte da floresta”. Neste âmbito o autarca adiantou que se encontram aprovadas “cinco candidaturas num projeto muito interessante que são as Áreas Integradas de Paisagem Protegida. “É um projeto que fará a diferença num investimento global de muitos milhões de Euros”, frisou.

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