Volvidos 12 anos de governação na Junta de Freguesia de Aldeia das Dez, Carlos Castanheira está de saída do cargo, no qual serviu “os habitantes da freguesia com uma dedicação total”.
Em entrevista à Rádio Boa Nova, no âmbito do “Junta à Conversa”, o autarca confessa que leva “inúmeras coisas, não quantificáveis, no coração”, nomeadamente “o trabalho desenvolvido” em parceria “com os vários executivos da Câmara Municipal”. Carlos Castanheira destaca a “equipa coesa” que o acompanhou desde o início e que permitiu realizar “imensas obras”.
“Eu creio que Aldeia das Dez ficou transfigurada em relação àquilo que eu encontrei”, afirma, considerando que são “imensas as diferenças”.
Carlos Castanheira admite que teve o “privilégio de estar reformado e ter tempo”, onde “estes 12 anos foram pautados por uma disponibilidade total”.
“Ao fim de viver, desde os meus 9 anos até aos 70 anos, fora da aldeia, em permanência, tinha a obrigação de dar mais aos nossos cidadãos, colocar ao serviço da freguesia algumas coisas que a minha atividade profissional me conseguiu transmitir. E esses valores, essa vontade de trabalhar, de inovar, eu apliquei com dedicação total. Fiquei mais realizado ao fim destes anos todos de vida, por ter sido Presidente Junta e ter servido os habitantes da freguesia, e não só, com uma dedicação total”.
Questionado se considera que correspondeu aos anseios de quem o elegeu, Castanheira confessa que “é sempre difícil fazer essa avaliação”. Porém, o autarca diz ter “a convicção” de que fez “jus às maiorias absolutas” dos três mandatos.
Na opinião do presidente de Aldeia das Dez, “este último mandato talvez esteja a ser o mais difícil de concretizar em obras visíveis”, pois “há uma grande dificuldade em arranjar empreiteiros que possam dar seguimento às obras”. “É a grande lacuna, é demasiada burocracia para nós conseguirmos fazer, nestas aldeias afastadas dos grandes centros, concretizar as nossas pequeninas obras, porque tratam-se todas de pequenas obras”, explica.
Nesta reta final, Carlos Castanheira quer “tentar fazer tudo aquilo que for possível”. Adianta que será para avançar com a “requalificação do Polidesportivo”, assim como “fazer mais algumas bem feituras no aspeto paisagístico e haverá animação”. “Sabe que o último mandato, principalmente na parte final, é um bocado ingrato porque as pessoas podem confundir atividade com propaganda eleitoral, que não é o caso”, frisa.
“Eu vendi a minha casa em Lisboa para ficar radicado em Aldeia das Dez. É lá que eu vivo, é lá que quero viver e que quero morrer”.
Na Rádio Boa Nova, Carlos Castanheira confessa que “é com muita pena” que não se pode recandidatar. “Não faço questão de estar ligado à Junta, mas ligado à freguesia, isso estarei até ao fim dos meus dias”, sublinha.
Relativamente aos próximos governantes, Castanheira quer que deem continuidade ao “desígnio” de “acompanhar as pessoas das aldeias mais dispersas”.
Quanto à saúde, nomeadamente à extensão de saúde, o autarca afirma que “essa é uma luta inglória”. “Tive que me render às evidências, mas faz-nos muita falta. Esse para mim, é o grande problema de viver no interior e viver em Aldeia das Dez. Gostaríamos muito de ter o centro de saúde, nem que fosse uma vez, de 15 em 15 dias”, dá conta.
Na entrevista, Carlos Castanheira realça que é responsável pelos destinos daquela freguesia “por dedicação e paixão”. Na conversa, ficou notório o amor que sente por Aldeia das Dez: “Não tenho palavras para dizer o quanto sinto orgulho. Não nasci em Aldeia das Dez, mas eu amo a aldeia”.