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“Estamos a viver numa situação um bocadinho instável”

O momento atual é de “uma certa incerteza” relativamente à pandemia Covid-19 no país. Para o especialista Carlos Antunes “estamos num ponto quase de viragem”, mas é positivo o valor “muito baixo” de incidência da doença, ao contrário do que se verifica em outros países europeus.

No espaço de análise à pandemia Covid-19, que agora acontece de duas em duas semanas na Rádio Boa Nova, o professor e investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa disse que “estamos a viver numa situação um bocadinho instável”, devido à incerteza relativamente aos indicadores, nomeadamente do Rt (0,91) e da incidência (77,6 casos por 100 mil habitantes), que “têm algum atraso”.

Ainda assim, o especialista que é natural do concelho de Oliveira do Hospital, verifica que “as decisões de prolongar o Estado de Emergência e o Plano que está definido de desconfinamento, de forma progressiva dão-nos alguma segurança e estabilidade relativamente ao controlo da epidemia”. No entender do investigador, “temos uma vantagem relativamente aos outros países da Comunidade Europeia, estamos com valor de incidência muito baixo”.

“Estamos abaixo dos 500 casos, com uma estimativa média 470 novos casos. Mesmo que o ‘R’ suba acima de 1,0, que é expectável que ocorra nestes dias, a minha estimativa já está em 1,01 e a tendência será de aumentar ligeiramente o número de casos, é diferente de nós partirmos de 470 ou de 3500 casos como ocorreu no Natal”, frisou. Segundo adiantou o especialista “mesmo que o ‘R’ suba rapidamente não vamos atingir os valores que atingimos em janeiro”.

Num olhar ao plano de desconfinamento que foi anunciado, Carlos Antunes acredita que no próximo dia 5 de abril, o país consiga abrir mais ciclos escolares e mais atividade. Tem contudo “mais dificuldade” em pensar que o país vai voltar a abrir atividades no dia 19 de abril, colocando mesmo “reservas” no que respeita à abertura prevista para 3 de maio. “É muito tempo para um processo que é muito dinâmico e que tem uma capacidade explosiva de um momento para o outro”, observou. Outros países Europeus como a França, Alemanha, Polónia, Ucrânia e República Checa estão “numa situação muito complicada, porque não conseguiram fazer aquilo que nós conseguimos que foi reduzir significativamente a incidência. Nós viemos de 14 mil casos diários para os 400 e tal. Ou seja, foi uma redução de 96 por cento, estamos a quatro por cento daquilo que estivemos há dois meses”, constatou o especialista.

O surgimento de novos casos, ainda que em número reduzido, em alguns concelhos deve ser motivo de alerta para os responsáveis locais de saúde pública, já que “é possível atuar”. “São casos isolados, é fácil identificar as cadeias de transmissão com a testagem”.

No que respeita ao concelho de Oliveira do Hospital, Carlos Antunes confirma a existência de três casos acumulados nos últimos 14 dias, até à data de 22 de março, o que corresponde a uma incidência bastante baixa de 16 casos por 100 mil habitantes. “São valores isolados, fáceis de detetar e de quebrar as cadeias de transmissão. Manter a vigilância com os concelhos vizinhos é fundamental”, frisa o especialista.

Confira a análise completa no vídeo em cima>>>

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