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“Esta noite ficará sempre nas nossas memórias porque todos vivemos um inferno”

No dia em que se assinalou um ano após a tragédia que assolou o concelho de Oliveira do Hospital, decorreu ontem, nos Paços do Concelho, uma sessão evocativa em memória das vítimas mortais.

Na sessão, o povo oliveirense e várias entidades foram também homenageados pela força, coragem e vontade em fazer renascer o concelho.

Na abertura da cerimónia, Dulce Pássaro, presidente da Assembleia Municipal, começou por enaltecer o papel de todas as entidades, na medida em que “têm dado o melhor de si para ajudar o concelho a renascer”. Crente de que o concelho está, de facto, a renascer, Dulce Pássaro compreende, porém, a expectativa dos oliveirenses “relativamente ao processo que todos desejariam que fosse mais depressa”, no que diz respeito à reconstrução das habitações. “Estamos a falar de processos que são demorosos e complexos, com muita burocracia. Mas a burocracia é necessária para garantir que os dinheiros públicos são gastos com controlo”, disse, realçando que “sendo um dia triste, é um dia que, de qualquer das formas, podemos considerar de esperança”.

Por sua vez, José Carlos Alexandrino, presidente do Município, que ao longo da sua intervenção se mostrou emocionado, dirigiu as suas primeiras palavras às famílias das vítimas mortais, solicitando aos presentes um minuto de silêncio em sua memória.

Depois de pronunciar os nomes das 13 vítimas, o autarca fez questão de anunciar que, após um telefonema com Marcelo Rebelo de Sousa, que não pôde estar presente por estar de visita a outros concelhos afetados, o Presidente da República fez questão de mandar um abraço às famílias e queimados “que foram surpreendidos” pelo fogo.

“Estamos a homenageá-los porque eles foram uns heróis e acabaram por ser sacrificados”, afirmou José Carlos Alexandrino, evidenciando “quantas angústias e quanta dor tiveram as famílias”.

“Percebo a dor das famílias. Não conseguimos amenizar a dor porque não conseguimos trazer de volta os vossos familiares, mas quero dizer que estamos convosco com coração. Sabemos que a vida é difícil e que não volta a ser igual”, disse o autarca, deixando o conselho de que “a dor tem de deixar de ser aquela dor que rasga o corpo e a alma, mas tem que ser uma dor de saudade doce, de recordar os bons momentos”.

Para José Carlos Alexandrino, o grande incêndio “foi a maior tragédia que aconteceu na região” e, por isso, “o povo oliveirense é herói”.

Na ocasião, o autarca enalteceu o papel de várias entidades, entre elas, os bombeiros e GNR pelo empenho e dedicação. “Os bombeiros tiveram uma participação enorme. Há coisas impossíveis e naquela noite era impossível. Os bombeiros não podiam chegar a todo o lado. Fizeram os possíveis e impossíveis”, disse, realçando que é incompreensível o facto de terem sido “alvos de tantas críticas”.

Num balanço deste ano após a tragédia, José Carlos Alexandrino reforça que “o trabalho de recuperação e renascimento é um trabalho coletivo do povo oliveirense”.

Quero que sejam felizes novamente, esquecendo o que é mau. Mas há coisas que nunca esquecemos. E esta noite ficará sempre nas nossas memórias porque todos vivemos um inferno”, concluiu.

Beatriz Cruz (jornalista estagiária)

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