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Equipa Igualdade Local pretende “transformar comportamentos” em Oliveira do Hospital

Criada em 2010, a Equipa Igualdade Local Cidadania Responsável do Município de Oliveira do Hospital continua com o objetivo de “transformar comportamentos e provocar mudança de perceções individuais e de grupo”.

Esta quinta-feira, no balanço da iniciativa “Junho: Mês da Igualdade em Oliveira do Hospital”, José Francisco Rolo, vereador do Pelouro da Ação Social do Município e membro da equipa, reforçou a aposta em campanhas de rua. Adiantou que, em quatro anos, “os processos sinalizados na CPCJ multiplicaram-se”. “Passaram de 11 para 41 processos. A violência sempre existiu, mas agora há uma desocultação do fenómeno, há mais denúncias”, afirmou, mostrando-se incrédulo com o facto de, em 15 anos, terem morrido 564 mulheres “nas mãos dos seus companheiros”. “Não podemos aceitar isto”, vincou.

Ana Rodrigues, socióloga do Município e coordenadora da equipa, referiu que, este ano, as ações de sensibilização foram mais dirigidas aos jovens. “Fazemos com que todas as atividades que se fazem no Município tenham este cunho de promoção da igualdade, de tolerância e da não discriminação”, afirmou, destacando a realização de um webinar com uma especialista onde participaram jovens das escolas e a campanha de sensibilização protagonizada pelo youtuber oliveirense Fábio Pereira. Para Ana Rodrigues, o mais importante é “colocar estas questões no espaço público”.

Helena Berardo, também da equipa e com mestrado em Estudos Feministas, defendeu que “os jovens estão a debater estas questões, mas ainda há muitas reticências”. “Não estão dentro do assunto. Já com os adultos, vejo-os muito interessados”, deu conta. A responsável, que também dá formação na área, alertou para o facto de os jovens não terem consciência de quando a violência no namoro é praticada. Já no que diz respeito ao papel da mulher, Helena Berardo deu o seu testemunho, referindo que tinha “dificuldade em perceber o porquê de as mulheres terem um papel secundário na sociedade”. “Ainda há muito trabalho a ser feito. Temos de continuar a sensibilizar. As mulheres têm que ser celebradas”, reforçou.

Coordenador da ADIBER, Miguel Ventura começou por referir que a Associação “trabalha na área desde 2004” e que foi “a primeira entidade a colocar estas temáticas na agenda pública dos territórios”. Considerando que denunciar um crime “é um ato de cidadania”, Miguel Ventura adiantou que, no ano de 2019, foram denunciados 114 casos no território da Beira Serra que “foram alvo de acompanhamento”. “Revela um aumento de 27% face a 2018, o que não significa que haja mais violência. São feitas mais denúncias”, afirmou.

Na ocasião, o responsável adiantou que foi aprovada uma “estrutura intermunicipal com uma equipa multidisciplicar, com psicólogos, técnicos de serviço social e juristas”. O projeto, que engloba dos Municípios de Oliveira do Hospital, Tábua, Arganil e Góis, “visa apoiar, acompanhar e encaminhar as vítimas de violência doméstica”.

A representar as forças de segurança, a Tenente Ferreira, do Destacamento da GNR da Lousã, explicou o processo que decorre após uma denúncia de violência. “A vítima é sinalizada, é iniciado um inquérito e são tomadas providências caso esteja em perido iminente”. No caso das crianças, o caso é sinalizado para a CPCJ, é aberto um inquérito e é reforçada a vigilância.

Cláudia Múrias, Psicóloga Social e Comunitária e especialista em Igualdade de Género, defendeu que as redes sociais “vieram agravar” as questões de violência, na medida em que “há menos consciência dos comportamentos”.

A representar as camadas mais jovens, Ana Guerra de Almeida, da Associação de Estudantes do Agrupamento de Escolas de Oliveira do Hospital, referiu que “com o passar dos anos, os jovens estão cada vez mais interessados nesta temática da igualdade de género”. Assumiu que a escola é palco de situações que envolvem vários tipos de violência, mas que a direção “está atenta”. A jovem fez questão de apresentar um “breve estudo” em que concluiu que no concelho de Oliveira do Hospital, das 16 freguesias, 13 são lideradas por homens e apenas três contam com mulheres. “As mulheres não têm menos capacidade de liderança que os homens”, defendeu.

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