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Equipa de Saúde Mental Comunitária realizou quase 1000 consultas em Oliveira do Hospital

O número de pessoas a recorrer à Equipa de Saúde Mental Comunitária do Pinhal Interior Norte, coordenada pela médica psiquiatra Célia Franco tem aumentado nos últimos anos. Só no ano de 2020 foram realizadas 2800 consultas nos concelhos de Arganil, Tábua e Oliveira do Hospital, sendo que só no concelho oliveirense foram realizadas 911 consultas, abrangendo 347 pessoas.

No terreno desde setembro de 2015, a equipa de Saúde Mental tem-se revelado de grande importância nos três concelhos (45 mil habitantes), pela proximidade com doentes de maior gravidade, já que, como constatou a psiquiatra Célia Franco em entrevista à Rádio Boa Nova, “os doentes quanto mais graves forem, menos recorrem a Coimbra (Hospital), menos capacidade têm de tomar decisões”. Por isso, o número de utentes em consultas “tem aumentado imenso”.  “No ano de 2020, fizemos 2800 consultas médicas nos três concelhos. Em Oliveira do Hospital foram 911 consultas. Abrangemos 888 pessoas, e em Oliveira do Hospital 347 pessoas foram seguidas por nós”, informou a médica especialista em saúde mental.

Do conjunto de utentes acompanhados pela equipa “27 por cento têm doença mental grave”. “À volta de 50 por cento têm doença menos grave e até ligeira e consumo de substâncias”, avançou a responsável, notando que “o doente moderado, se não for tratado, vai evoluir para doente grave”. “Temos 23 por cento que são idosos, em consulta de gerontopsiquiatria que precisam da nossa intervenção”, disse ainda.

À Rádio Boa Nova, Célia Franco explicou que “as doenças mentais graves são aquelas que provocam alterações nas pessoas, impedindo-as de desenvolver um projeto de vida adequado”.

“Esquizofrenia é a mais grave de todas, temos as doenças bipolares, as depressões graves e outras doenças que anteriormente não eram consideradas doença mental grave, mas que agora a ultima classificação já as considera, por provocarem alterações tão graves no comportamento da pessoa, que são incompatíveis com uma vida adequada, como por exemplo, a perturbação obsessivo-compulsiva”, referiu.

A Equipa de Saúde Mental Comunitária do Pinhal Interior Norte é composta pela médica psiquiatra, Célia Franco, a assistente social Lurdes Sousa e os enfermeiros especialistas em Saúde Mental Marçal Montezinho e João Barreto. Num balanço ao trabalho feito, a médica psiquiatra considera que a intervenção no território “tem sido muito boa”. “Acho que a população ganhou muito com a nossa presença, porque estamos a tratar pessoas que nunca chegariam ao hospital central e que estariam ao abandono, num canto. Estamos a trabalhar muitos utentes e bem”, avançou a coordenadora que foi “sempre médica hospitalar” e agora considera que “a psiquiatria deve ser feita junto das populações”.

De momento a dificuldade da equipa, que espera ser reforçada com pelo menos mais um médico psiquiatra e psicólogo, é ao nível logístico. Desde o início da pandemia, a equipa foi deslocalizada do Centro de Saúde de Oliveira do Hospital para a extensão de saúde de Nogueira do Cravo, situação que “tem criado inúmeras dificuldades aos utentes em termos de transportes, porque não é fácil a deslocação para Nogueira”.

“Ocupávamos dois gabinetes que foram usados para a patologia respiratória (Covid-19) e, desde aí, foi sempre considerado que não havia espaço para nós no Centro de Saúde”, disse a médica coordenadora, notando que por esse motivo tem havido necessidade de aumentar as visitas domiciliárias junto de utentes que residem em zonas mais periféricas. Adiantou que há utentes que conseguem mais facilmente o transporte para os hospitais de Coimbra, do que para Nogueira do Cravo.

“Desde o início que temos desencadeado contacto com Câmara Municipal que tem sido sempre muito recetiva. Estamos a contar que, muito em breve, seja possível encontrar uma solução em Oliveira do Hospital, no Centro de Saúde. Neste momento, é a Câmara que está responsável por encontrar a solução”, afirmou Célia Franco.

Veja a entrevista na íntegra>>>

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