O presidente do Município de Oliveira do Hospital (MOH) reagiu, hoje, à reportagem da TVI “Ajuste direto”, alusiva à situação do concelho um ano após o grande incêndio de 15 de outubro.
Em entrevista realizada na Rádio Boa Nova, em parceria com o jornal local Folha do Centro, José Carlos Alexandrino negou que haja zero casas reconstruídas no concelho e acusou a autora de reportagem de procurar o “sensacionalismo” e “explorar a desgraça alheia”.
A ideia de que “tudo falhou” na recuperação do concelho oliveirense foi, hoje, rejeitada pelo autarca que, à data, contabiliza 49 casas recuperadas (40 beneficiárias de apoios até cinco mil Euros e nove com apoios entre cinco mil e 25 mil Euros) de um total de 127 candidaturas validadas ao Programa de Apoio à Reconstrução de Habitação Permanente. “Em Oliveira do Hospital há 49 casas concluídas e 49 não é igual a zero, como se quis fazer crer”, afirmou José Carlos Alexandrino, verificando que situação diferente é a que se prende com igual número de casas (49) adjudicadas ao consórcio Gabriel Couto & Manteivias, em que a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC) é proprietária, onde apenas 17 se encontram “em fase de obra”, outras 17 estão em fase de “limpezas e demolições” e 15 ainda se encontram “em fase de projeto”.
Na Rádio Boa Nova, José Carlos Alexandrino admitiu que a recuperação das 49 casas adjudicadas ao consórcio está demorada, explicando porém que tal se deve ao facto de a Faculdade de Arquitetura de Lisboa ter abandonado o trabalho de execução dos projetos e de, o próprio, ter tentado que a reconstrução das casas fosse adjudicada a um consórcio de empresas de construção do concelho de Oliveira do Hospital. “Propus à presidente da CCDRC a formação de um consórcio e indiquei quatro empresas: Joaquim Fernandes Marques, Amadeu Gonçalves Cura, Construtora Santaovaiense e Construções Irmãos Peres. Participei em reuniões, mas os empresários não aceitaram o preço (649 Euros o metro quadrado) e propuseram o preço alternativo de 850 Euros o metro quadrado”, explicou. Na Rádio Boa Nova, José Carlos Alexandrino assegurou e fez prova de que as 49 casas foram adjudicadas por 649 Euros ao consórcio GabrielCouto & Manteivias, pelo que foi com estranheza que viu a indignação do conhecido empresário Joaquim Fernandes Marques na reportagem da TVI, que acusa a CCDRC de ajustar as obras por 850 Euros o metro quadrado. “O senhor Joaquim Fernandes Marques nunca participou em nenhuma reunião e falou daquilo que não sabe. Quando se fala do que não se sabe é ignorância pura. Quem esteve nas reuniões foi o seu responsável, o engenheiro Gabriel”, acrescentou.
Passado quase um ano depois do grande incêndio, José Carlos Alexandrino garante que ninguém dormiu debaixo da ponte, nem passou fome em Oliveira do Hospital. Esclareceu que o caso da família de Santa Ovaia, a viver numa rulote e em tendas, a mesma chegou a viver numa habitação de renda, nunca formalizando o pedido de apoio à Segurança Social, optando depois por aquele modo de vida. “Aquela família estava sinalizada e já a voltámos a contactar”, referiu.
Mais positivo está a ser o processo de recuperação do tecido empresarial afetado pelo incêndio. Até ao momento há 74 candidaturas aprovadas e José Carlos Alexandrino acredita que os empresários do concelho estão a dar “uma lição” ao país na recuperação das empresas e manutenção de postos de trabalho. Em jeito de reconhecimento, o autarca disse que no próximo dia 7 de outubro vai ser atribuída a medalha de Mérito Municipal ao empresário Fernando Brito, proprietário da carpintaria Brito & Brito, que com 74 anos decidiu reerguer a empresa, que foi totalmente afetada pelo fogo. Outro exemplo é Joaquim Guerra, da empresa JGuerra, mas que ao qual não pode ser atribuída aquela distinção, por já a ter recebido anteriormente.
É no setor agrícola que José Carlos Alexandrino se tem deparado com uma maior discriminação, temendo mesmo o abandono da atividade por parte de muitos lesados do concelho.
Os queimados e as 13 vítimas mortais constituem a outra face da tragédia de 15 de outubro. Ainda a recuperar, a pequena Leonor, agora com 12 anos, é a única internada em meio hospitalar. “Já foram pagas parte das indemnizações aos queimados”, referiu o autarca, notando que há ainda outros casos em avaliação junto da Provedoria da Justiça. José Carlos Alexandrino considera que “também correu bem” o processo de indemnização às famílias das vítimas mortais.