Considerada a principal “arma” para vencer a pandemia, a vacinação contra a Covid-19 arrancou em 27 de dezembro de 2020, com Portugal a ser considerado uma referência mundial pela elevada taxa de pessoas vacinadas.
Ao longo do último ano, a estratégia de vacinação sofreu várias atualizações, o país debateu-se com falta de vacinas para cumprir as metas previstas, surgiram casos de vacinação indevida na fase inicial e um novo coordenador assumiu a liderança de um plano que passou também a incluir doses de reforço e a imunização de jovens e crianças.
São os seguintes, cronologicamente, os principais momentos da vacinação em Portugal:
2020
27 dezembro: O plano nacional de vacinação contra a Covid-19 arranca no Hospital de São João, no Porto, com o médico infeciologista António Sarmento a receber a primeira dose.
2021
4 janeiro: A vacinação nos lares de idosos no continente começa em Mação, com uma utente de 100 anos.
15 janeiro: Os profissionais de saúde dos serviços prioritários de hospitais do setor privado e social começam a ser vacinados e, nesse dia, o país chega aos 100 mil vacinados.
21 janeiro: O Ministério da Saúde garante que Portugal teria todas as vacinas para cumprir o plano de vacinação, tendo assegurado mais de 31 milhões de doses, suficientes para vacinar mais de 18 milhões de pessoas.
29 janeiro: A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) anuncia que iria verificar o cumprimento das normas e orientações aplicáveis ao processo de administração da vacina. O conselho diretivo do INEM aceita o pedido de demissão do diretor regional no Norte, após autorizar a vacinação de profissionais de uma pastelaria no Porto.
1 fevereiro: O Ministério Público abre inquéritos a casos que envolveram o INEM de Lisboa e do Porto, a Segurança Social de Setúbal e outras instituições na vacinação de casos não prioritários.
2 fevereiro: A vacinação dos idosos com 80 ou mais anos e de pessoas entre os 50 e os 79 anos e com comorbilidades arranca nos centros de saúde, abrangendo mais de 900 mil portugueses.
3 fevereiro: O coordenador da ‘task force’ para o plano de vacinação contra a covid-19 em Portugal, Francisco Ramos, demite-se do cargo por irregularidades detetadas pelo próprio no processo de seleção de profissionais de saúde no Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa, do qual é presidente da comissão executiva.
No mesmo dia, o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo assume as funções de coordenador da ‘task force’, assegurando que pretendia apertar as regras e o controlo do processo.
8 fevereiro: A Direção-Geral da Saúde (DGS) considera que, até novos dados estarem disponíveis, a vacina da AstraZeneca devia ser preferencialmente para pessoas até aos 65 anos.
9 fevereiro: A primeira fase de vacinação, que devia terminar antes de 31 de março, é prolongada para abril devido à indisponibilidade de vacinas.
22 fevereiro: Gouveia e Melo antecipa um possível aumento do ritmo de inoculações para 100 mil por dia e sublinha que a imunidade de grupo poderia ser alcançada em agosto.
10 março: A DGS inclui nos grupos prioritários da fase 1 as pessoas com trissomia 21, os professores e o pessoal não docente.
15 março: Gouveia e Melo anuncia que o processo de vacinação iria sofrer um atraso de duas semanas devido à suspensão temporária da administração da vacina da AstraZeneca, após relatos de aparecimento de coágulos sanguíneos em pessoas vacinadas em outros países, mas essa interrupção apenas dura três dias.
26 março: Portugal ultrapassa um milhão de vacinados com a primeira dose.
17 abril: Quase 170 mil professores e funcionários das escolas começam a receber a primeira dose, depois de o processo ter sido adiado uma semana devido a novas restrições.
11 maio: Portugal atinge a marca de quatro milhões de vacinas administradas, com a inoculação de uma utente na Póvoa de Varzim.
28 maio: O coordenador da ‘task force’ anuncia que a estratégia de vacinação contra a covid-19 seria mais virada para “libertar a economia”, uma vez que a missão de proteger os mais idosos estava “praticamente terminada”.
25 junho: Metade da população de Portugal continental tem pelo menos uma dose da vacina.
3 julho: Portugal acelera o ritmo de vacinação devido à rápida disseminação da variante Delta, com a ‘task force’ a prever cerca de 850 mil utentes por semana.
9 julho: É atingido o recorde diário de vacinas contra a covid-19 em Portugal, com 160.536 pessoas inoculadas.
15 julho: Portugal continental alcança 10 milhões de vacinas contra a Covid-19, cerca de seis milhões de primeiras doses e outras quatro milhões que completaram a vacinação.
10 agosto: A DGS recomenda a vacinação universal dos jovens entre os 12 e os 15 anos, deixando assim de ficar circunscrita a situações específicas, como os casos em que tinham doenças de risco.
12 agosto: A vacinação no Queimódromo do Porto é suspensa pela ‘task-force’ por causa de uma falha na cadeia de frio e é pedida uma investigação à IGAS. Os vacinados não tiveram de repetir a vacinação.
19 agosto: Portugal atinge os 70% de população com a vacinação completa antes do prazo fixado pela ‘task force’, mas essa percentagem deixou de ser considerada como a meta inicial para a imunidade de grupo. Nesse dia, a ministra da Saúde anuncia que Portugal aguardava pela orientação da Agência Europeia do Medicamento (EMA) em relação à administração da terceira dose.
1 setembro: DGS recomendou uma dose adicional contra a Covid-19 para pessoas imunossuprimidas com mais de 16 anos, prevendo a vacinação de menos de 100 mil utentes nos centros de saúde.
7 setembro: Oito milhões de pessoas já têm a vacinação completa, entre as quais mais de 156 mil jovens entre os 12 e os 17 anos.
15 setembro: Portugal é o país do mundo com maior taxa de cobertura da população com a vacinação completa (81,54%), superando Malta neste `ranking´, de acordo com o ‘site’ de estatísticas Our World in Data. Mais de 84% dos jovens entre os 12 aos 17 anos já tinham recebido pelo menos uma dose da vacina.
9 outubro: Portugal atinge a meta de 85% da população com vacinação completa.
11 outubro: Os idosos com 80 ou mais anos e os utentes de lares e de unidades de cuidados continuados começam a receber a terceira dose. Estes dois grupos foram considerados prioritários pela DGS, que definiu que a administração desta terceira dose seria destinada às pessoas com mais idade, a partir dos 65 anos.
18 outubro: A administração em simultâneo das vacinas contra a gripe e a Covid-19 arrancou em Portugal continental, com a DGS a prever vacinar cerca de dois milhões de pessoas nessa modalidade.
11 novembro: o Governo anuncia a vacinação dos profissionais de saúde com a terceira dose, que se iniciou na semana seguinte.
22 novembro: Os profissionais do setor social e os bombeiros envolvidos no transporte de doentes começam a ser vacinados com a terceira dose.
25 novembro: A EMA aprova a administração da vacina da BioNTech/Pfizer a crianças dos cinco aos 11 anos, sendo a primeira na União Europeia (UE) para esta faixa etária.
7 dezembro: A DGS recomenda a vacinação das crianças entre os cinco e os 11 anos, com prioridade para as que têm doenças consideradas de risco para Covid-19 grave.
13 dezembro: Cerca de 300 mil doses de vacinas pediátricas chegam a Portugal, prevendo-se a chegada de mais 460 mil em janeiro de 2022. Nesse dia, fica disponível o autoagendamento da vacinação das crianças entre os cinco e os 11 anos, com o Governo a prever que sejam imunizadas mais de 600 mil menores até meados de março.
14 dezembro: A DGS recomenda a administração da dose de reforço a pessoas com 50 ou mais anos, face à previsível diminuição da eficácia das vacinas ao longo do tempo.
18 dezembro: As crianças de nove, 10 e 11 anos começam a ser vacinadas, um processo que se prolongou pelo fim de semana, com os centros reservados apenas para esta faixa etária. No total, foram vacinados 95 mil menores.