Carlos Antunes, professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, considerou hoje na Rádio Boa Nova que os números da pandemia da Covid-19 apontam para uma “tendência de descida”.
Notou, contudo, que as regras de confinamento “não resultaram a 100 por cento”.
Hoje a Direção Geral de Saúde (DGS) anunciou que o país atingiu os 928 mortos (mais 25) e um número total de 24 027 infetados. No que respeita ao número de novos infetados (mais 163) trata-se do valor mais baixo desde meados do mês de março. Porém, Carlos Antunes, em entrevista no noticiário das 15h00, na Rádio Boa Nova, explicou que “após o fim de semana, à segunda- feira há sempre redução dos casos e tem a ver com a velocidade com que se processam os testes. Hoje há mais de cinco mil casos que aguardam resultados”.
Segundo o professor da FCUL é “expectável que os números voltem a subir”. “De qualquer modo, olhando para o gráfico do números de casos de infeção, têm vindo a baixar desde o dia 30 de março que foi o dia com maior número. A tendência de descida é suave, ligeira, mas consistente. Na última semana, estávamos na ordem dos 400 em termos médios, mas com ligeira tendência de redução. Hoje dia 27, é semelhante ao dia 17 de abril com 181, ao dia 6 de abril, com 452, ou seja números abaixo da média móvel e, portanto, é um número que é preciso esperar por amanhã e depois. Mas é um número que vem numa ligeira tendência de descida”, explicou o especialista.
Recorde-se que Carlos Antunes tinha estimado na Rádio Boa Nova que o pico da pandemia da Covid-19 em Portugal deveria ocorrer entre 8 a 14 de abril. A Ministra da Saúde, Marta Temido, entretanto, já situou o pico entre 23 e 25 de março. Hoje, o professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa explicou que nos dias seguintes à entrevista com a Rádio Boa Nova, “os novos casos da pandemia puxaram o pico para trás “entre 4 e 7 de abril” e que à posteriori ,fazendo os cálculos, o pico situa-se entre 31 de março e 3 de abril numa série que não é corrigida e que não tem nada a ver com a série verdadeira epidemiológica”. Hoje, na Rádio Boa Nova, fez ainda alusão ao pico dos óbitos, que terá ocorrido “entre 10 e 13 de abril”. “A partir de 13, 14 de abril há uma ligeira descida sustentável. No dia 23 e 24 houve números muito elevados, mas terá passado o pico”, explicou.
Em comparação com outros países, o professor Carlos Antunes verifica que “diferentes países têm diferentes comportamentos após o pico”. “Nós estamos idênticos à Suíça, em que o decrescimento é feito de forma muito lenta. A Áustria e a Alemanha suprimiram rapidamente o contágio. Acho que em Portugal as regras confinamento não resultaram a 100 por cento. Claro que a mensagem deve ser de otimismo, mas poderíamos ter melhores resultados em termos de novos casos”, observou o especialista.
O Estado de Emergência vigora até ao dia 2 de maio. Carlos Antunes lembra que, segundo o que já foi dito pelo Primeiro-Ministro “vamos passar para o estado de calamidade pública e há um aligeirar de medidas e há uma retoma progressiva da normalidade”. O que poderemos ter em termos de impacto nos casos é algo parecido com o que aconteceu com a República Checa, Áustria e Noruega em que podemos ter uma ligeira inflexão. Poderemos manter-nos num planalto mais baixo de 300 ou 400 (casos de infeção) e isso não é problemático, porque o limite da nossa capacidade de internados não foi alcançada sequer”.
Atendendo ao impacto que a pandemia já teve na Economia e à expectativa que já foi gerada junto dos portugueses com a indicação do alívio das medidas, Carlos Antunes, acredita que não será “mau” que tal aconteça. “Penso que não haverá grandes consequências”, referiu, notando a necessidade de as pessoas cumprirem e respeitarem as regras da DGS, nomeadamente o uso de máscara e o distanciamento social.