A Comissão Política Concelhia do CDS-PP de Oliveira do Hospital questiona, em comunicado enviado esta tarde à Rádio Boa Nova, a aprovação por parte da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital de um projecto da Sonae Arauco para a instalação de um parque fotovoltaico na encosta do Vale do Alva.
Na nota intitulada “Um Parque Fotovoltaico o Vale do Alva – Qual o verdadeiro custo?”, a estrutura dirigida por Rafael Dias começa por constatar que “ o Vale do Alva não tem, atualmente, uma mancha significativa de floresta autóctone”, verificando-se, “pelo contrário” que “ao longo das décadas, o coberto vegetal nativo foi desaparecendo, dando lugar a espécies invasoras – onde predominam as Acácias – e tornando o território dramaticamente vulnerável a incêndios e à degradação dos solos”.
“Perante este cenário”, os centristas entendem que “o investimento público e privado deveria centrar-se na recuperação da floresta autóctone e na valorização ambiental do território, promovendo uma estratégia de longo prazo para a resiliência climática e a biodiversidade”. No comunicado, questionam por isso se “existe atualmente algum projeto de valorização florestal para o Vale do Alva?” e se “a única visão do município para esta zona passa exclusivamente pela instalação de um parque fotovoltaico?”.
Para o CDS-PP, “a implantação de um parque fotovoltaico nestas encostas terá um impacte ambiental e paisagístico significativo e irreversível”. Por isso, a estrutura partidária entende que “é essencial saber se foi realizado um estudo de impacte ambiental e paisagístico por uma entidade competente e certificada? se esse estudo já foi feito, será partilhado com a população? Caso ainda não tenha sido realizado, está nos planos da Câmara Municipal e da Sonae Arauco conduzi-lo e divulgar os resultados?”.
“Esta é uma opção política que degradará o valor paisagístico de um produto que se pretende divulgar como destino turístico de eleição, perpetuando a escolha de ignorar o potencial do Vale do Alva para se afirmar como um território de referência na recuperação da floresta autóctone, descurando um modelo de desenvolvimento para o território que alie a conservação da natureza e o crescimento da economia local”, lê-se no comunicado.
A Concelhia do CDS-PP oliveirense entende que “havia outras alternativas dentro do concelho, como alguns lotes vazios da zona industrial e edifícios públicos, que poderiam cumprir este propósito sem comprometer uma área tão sensível”. Questiona, por isso, “qual foi o critério para desconsiderar outras localizações em favor de uma das encostas do Vale do Alva?”
“Outra questão relevante é perceber se, em algum momento do decorrer deste processo, as comunidades diretamente afetadas por este projeto vão ou não ser ouvidas ou, pelo menos, devidamente esclarecidas. O futuro do Vale do Alva não pode ser decidido à porta fechada. A população não pode ser esquecida e negligenciada pelo poder político. Deve ser auscultada, não apenas pelo conhecimento empírico que tem sobre o território – e que em circunstância alguma deve ser desvalorizado – mas também pelo respeito que as suas comunidades nos merecem, visto serem os principais intervenientes de preservação ecológica do território”, defende.
Para os centristas, “decisões que impactam de forma tão profunda o território devem ser conduzidas com transparência”. Assim, consideram que “é essencial esclarecer os termos do contrato entre a Câmara Municipal e a Sonae Arauco, perceber se este empreendimento servirá exclusivamente as necessidades operacionais da empresa na zona industrial e se há previsão para mais projetos semelhantes no Vale do Alva e no concelho”.
“É essencial que estas decisões sejam tomadas com mais planeamento, mais visão estratégica e mais envolvimento da comunidade local, garantindo que os projetos implementados contribuem verdadeiramente para a sustentabilidade a longo prazo”, sugere o CDS-PP, notando que “todas as questões colocadas pretendem contribuir de forma construtiva e positiva para o futuro do Vale do Alva e do concelho”.
“O nosso território merece um debate sério e participado, onde a sustentabilidade ambiental e o desenvolvimento local caminhem de mãos dadas, e não em direções opostas”, conclui o comunicado.