O Município de Carregal do Sal vai construir um centro de acolhimento e integração de refugiados e migrantes que abrirá no fim de 2025, num investimento de 5,5 milhões de euros (ME) e cujo protocolo de financiamento foi assinado este sábado (2).
As instalações serão em Cabanas de Viriato, na casa da mãe de Aristides Sousa Mendes, onde nasceu e cresceu o cônsul português responsável por salvar milhares de judeus do Holocausto. Em 1940, este diplomata português atribuiu vistos a esses cidadãos, refugiados de guerra, à revelia daquelas que eram as ordens do regime ditatorial liderado por António de Oliveira Salazar.
A chamada Casa do Aido já obrigou a um investimento de “mais de 500 mil euros” do Município do Carregal do Sal, destinados quer à sua aquisição, quer a melhoramentos em terrenos contíguos. “Inclusive a casa em frente onde antigamente havia um passadiço e nós vamos refazer a história e vamos reconstruir a passagem”, pormenorizou o autarca, em declarações à Agência Lusa, ao explicar a zona de construção, no centro da aldeia de Cabanas de Viriato.
Nessa parte, continuou, “vai ficar um centro para os jovens menores desacompanhados, cuja idade ainda está a ser discutida junto da Segurança Social” e, na Casa do Aido, que será recuperada, assim como nos terrenos contíguos, nascem outras valências.
“Essas obras serão realizadas através do IHRU [Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana] e das “BNAUTS” [Bolsa Nacional de Alojamento Urgente e Temporário] que podem apoiar as habitações de urgência e emergência, que é o que está em causa”, esclareceu. À agência Lusa, Paulo Catalino Ferraz assumiu ainda que “o projeto deverá ser lançado no primeiro semestre de 2024, para consignação”, para que no final de 2025 esteja concluída.
Formação e capacitação são o objetivo, para garantir autonomia às pessoas
O presidente da Câmara de Carregal do Sal, que foi desafiado pela ministra-adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, a construir este centro, tinha já afirmado à agência Lusa em fevereiro que o objetivo era ser um centro de acolhimento temporário. “A ideia é chegarem, serem bem acolhidos e aprenderem português” e, depois disso, serem providenciadas “formação e capacitação” para que depois estas pessoas possam ingressar no mercado de trabalho “e poderem deixar o centro de acolhimento, porque já têm meios próprios”.
O protocolo assinado este sábado “vinculou todas as entidades envolvidas”, que são o Município de Carregal do Sal, a Associação Empresarial e Industrial da Região de Viseu (AIRV), a Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) e ainda ministra-adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes.
“Acolher é o papel mais fácil, o mais difícil é capacitá-las para as integrar. Vamos ter três salas de formação, para aulas contínuas de português e outras duas para as áreas que a AIRV definir que são as prioritárias para o mercado de trabalho”, disse. O autarca socialista admitiu que “ainda não há um projeto definitivo, só um prévio para desenvolver, porque ainda está a ser avaliado junto de todas as entidades se vão ser construídas instalações mais a pensar em jovens desamparados ou em famílias”.
“Estamos a definir as tipologias das instalações, mas é agora no terreno que isso vai ser trabalhado, mas o objetivo é poder adequar às necessidades. No mínimo podemos acolher 110 pessoas, mas pode ir até 250, dependendo, às vezes, do número de filhos que possam vir com as mães”, contou.