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Bombeiros “com mágoa” pela perda de vidas humanas. Corporação da cidade comemora 96º aniversário

A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Oliveira do Hospital (AHBVOH) comemora domingo, dia 25 de março, o 96º aniversário.

Para trás fica um ano marcado pela “impotência” dos bombeiros “face à violência da tragédia” que devastou o concelho.

Emídio Camacho, comandante dos BVOH (à esquerda) e Arménio Tavares, presidente da direção da AHBVOH (à direita)

O momento é de afirmação do corpo de bombeiros da cidade que, a esta altura, conta com 105 elementos e as viaturas necessárias para assegurar o socorro às populações. A fanfarra e a escolinha de Bombeiros são as principais riquezas da corporação, sendo que só a Escolinha mobiliza 75 jovens entre cadetes e infantis. “É esta a força essencial dos bombeiros”, refere Arménio Tavares, presidente da direção da AHBVOH, considerando que “ali estão as sementes que têm dado fruto para a fanfarra e os bombeiros”.

Em dia de aniversário, a Associação Humanitária vai proceder às habituais promoções e condecorações, atribuir três crachás de ouro e distinguir o bombeiro do ano com o prémio Manuel Gouveia Serra. Na sessão solene, os bombeiros vão também reconhecer um grupo de empresas e a Fundação Oriente, esta última pela oferta de uma ambulância à corporação. Neste dia vão ser inauguradas duas novas ambulâncias. Bons motivos para unir a família dos Bombeiros de Oliveira do Hospital, em torno do aniversário, que constitui o momento alto da corporação em cada ano.

Viva na memória dos bombeiros está, contudo, a tragédia vivida por todos e a que a corporação não conseguiu fazer face no dia 15 de outubro. “Os bombeiros tornaram-se impotentes face à violência da tragédia”, referiu  o presidente da direção da AHBVOH. Em entrevista à Rádio Boa Nova, Arménio Tavares da “mágoa” pela perda de vidas humanas. “Os bens materiais também são essenciais para a vida, mas as vidas humanas são bem mais precisas. Temos ainda a mágoa de não podermos ter salvado essas pessoas”, partilhou.

No incêndio, a corporação não teve acidentes com bombeiros. “Tivemos prejuízos materiais em viaturas, mas já está tudo operacional”, adiantou o responsável, dando conta do esforço da corporação em recuperar a viatura que foi afetada por um incêndio em Alvôco de Várzeas, em 2016. Até agora, segundo o responsável, já foram investidos cerca de 100 mil Euros, notando porém que a corporação tem garantia de que o valor vai ser ressarcido pelo Município de Oliveira do Hospital.

Num concelho que perdeu cerca de 98 por cento da sua floresta, Arménio Tavares sabe que “os combates (ao fogo) nos próximos anos não serão muitos”. “Mas queremos estar aptos para servir o país”, referiu o responsável, que tem como projetos futuros a aquisição (por via de candidatura a fundos comunitários) de uma viatura de salvamento, e a instalação de uma moderna central de comunicações. Espera a direção da AHBVOH, que quer a Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro, quer  o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) regularizem os valores em dívida. “Com a ARS não está muito atrasado (um mês). Com o CHUC é que está mais atrasado (quatro meses) num montante de cerca de 100 mil Euros”, disse Arménio Tavares, notando que estes atrasos preocupam a Associação porque, com aquela verba, poderia realizar melhorias no edifício. Para já a aposta foi na remodelação da camarata feminina no sentido de conferir melhores condições ao corpo ativo de bombeiros.

A reestruturação ocorrida ao nível do serviço de urgências do concelho, com a recomendação de que em caso grave seja acionado o 112 também obrigou a reestruturação do serviço dos bombeiros, que assistiu ao aumento dos serviços de transporte para Coimbra. “Há muitas solicitações. Até pedimos ajuda a corporações vizinhas”, contou o responsável, notando que com as duas novas ambulâncias será melhorada a capacidade de resposta da corporação.

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