Obrigada a encerrar a 18 de março devido à pandemia da Covid-19, a empresa de confeções Azuribérica, na Zona Industrial de Oliveira do Hospital, é hoje um exemplo de como é possível encontrar uma oportunidade no meio da adversidade.
Diariamente, a empresa produz 16 mil máscaras e seis mil batas que já chegam a todo o país e ao mundo.
No dia 18 de março, Joaquim Partas, administrador da Azuribérica, não teve outra alternativa que não fosse a de “mandar embora” os seus 220 colaboradores recorrendo à via de lay-off. Mas, para o administrador, este não seria o único caminho a seguir.
O administrador chamou junto de si “os técnicos de manutenção, modelistas, técnicos de confecção”. “Fomos junto da classe médica e recolhemos peças de vestuário que tanto necessitavam e tomámos a iniciativa de as copiar, criar modelagem para elas, de procurar matérias primas e contactar o presidente da Câmara Municipal que aceitou o nosso projeto também com a preocupação de manter os postos de trabalho”.
Com “automatismos e uma capacidade de produção instalada de produção de casacos e calças”, Joaquim Pratas iniciou um processo de readaptação da sua empresa. “Tivemos que aproveitar esses equipamento e redefinir os nossos layouts, no sentido de hoje em dia termos a Azuribérica a trabalhar apenas e exclusivamente neste tipo de produtos, visto que as cadeias de abastecimento global que nos compram (calças e casacos) não estão a vender”, referiu.
“Quem visita a fábrica não procura fatos. Procura batas, tocas, pezinhos, cogulas, máscaras…”
À Rádio Boa Nova, o empresário disse possuir uma carteira de encomendas. A questão é que se encontram “suspensas”, “não têm data de entrega”. Por esse facto, a empresa “não vai estar a produzir para stock”. “Eu vou sim continuar com esta estratégia, a produzir estes produtos que tanta procura têm nos mercados”.
“Os nossos clientes são agora as Ipss, os municípios, as CIMS regionais, empresas internacionais que já se dedicavam a estes produtos e todas as empresas ligadas à área da saúde. Também empresas que optam por estes produtos, em vez de uma caneta ou t-shirt, para efeito de merchandising. Estamos a estampar com logotipo das empresas. A par da alimentação e da farmácia, estes são os bens de primeira necessidade”, referiu. Espanha, França, Suíça, Inglaterra, Alemanha e Moçambique são os países onde já chegam os produtos feitos na Azuribérica.
Neste momento, a empresa labora com 146 trabalhadores , divididos em dois turnos por forma a diminuir a possibilidade de contágios. Apenas se encontram ausentes da empresa, as colaboradoras que se encontram em casa com os filhos à sua guarda.
Quanto ao futuro, Joaquim Pratas não perspectiva que a normalidade se atinja nos próximos seis meses ou no próximo ano. Por esse motivo, vê a possibilidade de a Azuribérica manter a produção dos dois produtos, tendo já prevista a remodelação da fábrica.
Num olhar aos meses passados, o empresário conta que a “pandemia foi um rombo muito grande para a empresa” . “Em três meses (maio, abril e março) a facturação foi inferior a um mês habitual da empresa. Isto é uma coisa dramática. Efetivamente será complicado recuperar. Será um ano para virar a página e pensar que o ano 2021 será para começar a recuperar o que se perdeu em 2020”.
Joaquim Pratas garante que “confiança e vontade existe”. “A minha empresa existe graças aos colaboradores que eu tenho e com eles a remar no mesmo sentido dificilmente esta empresa irá abalar. Nem sequer penso nisso, só penso em caminhar para a frente”, concluiu.