“Um atentado aos direitos dos cidadãos”. É desta forma que os autarcas classificam a carta de perigosidade para planear a prevenção e o combate aos incêndios florestais.
Em declarações à Renascença, o presidente da Comunidade Intermunicipal de Coimbra e autarca de Montemor-o-Velho, Emílio Torrão, admite que, nos dias de risco muito elevado de incêndio, as pessoas possam ficar impedidas de sair de casa.
“Nos municípios de Arganil, Oliveira do Hospital, estou a citar alguns, e nesses territórios, quando houver risco elevado e muito elevado de incêndio, as pessoas não podem circular, porque estão circundados por medidas de restrição em função da carta que foi emitida. Não consigo descrever a carta que está toda vermelha e, portanto, as pessoas não podem circular, porque, para circular de um lado para outro, têm que passar por floresta”, diz.
Emílio Torrão entende que não chega e pede a suspensão imediata da carta de perigosidade e exige uma nova versão do documento.
“Nós não aceitamos esta carta. Que se faça e que se elabore uma carta, como deve ser”, defende, assinalando que “aquilo que está agora a ser mitigado é que os municípios poderão – os presidentes de Câmara, a Comissão sub-regional poderá – eventualmente libertar algumas áreas ou levantar algumas restrições, mas não está correto”.
“Não me parece que são situações excecionais. Não me parece que resolva o problema. Na base está um problema que é uma carta que ninguém percebe como é que foi elaborada”, insiste.
Uma carta que, no entender do autarca, não está adaptada à realidade dos territórios.
“Por onde ocorreram os incêndios de 2017, está tudo vermelho, portanto, é assim que se resolve o problema – ninguém circula, ninguém sai – e pronto, está tudo bem, não vai haver incêndios”, remata.
Fonte: Renascença