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Associação luta por “respostas e oportunidades” para as vítimas do incêndio de 15 de outubro

Apresentada cinco dias após o trágico incêndio, a Associação de Vítimas do Maior Incêndio de Sempre em Portugal foi hoje formalmente constituída, …

… reunindo várias dezenas de pessoas do concelho de Oliveira do Hospital e da região que foram afetadas pelo fogo.

Até aqui porta voz deste movimento cívico, Luís Lagos é a partir de hoje o presidente da Associação que parte para o terreno com “um grande espírito de compromisso” para com as pessoas que sofreram danos, assim como nas empresas”. O objetivo passa por “exigir uma nova responsabilidade do poder político central”. “Que nos deem respostas, que criem oportunidades para as pessoas que vivem aqui, porque nós não somos portugueses de segunda”, defende o presidente da Associação.


 A juntar 25 elementos nos seus órgão sociais – Direção, Assembleia Geral e Conselho Fiscal – a Associação conta já com uma base supramunicipal, chamando a si vítimas de Oliveira do Hospital, mas também de Tondela, Tábua, Arganil, Seia, entre outros concelhos. “As pessoas são livres de se associarem, desde que tenham dano e amor profundo pela sua região”, explica Luís Lagos, notando que o que se pretende é “um debate que possa resultar em algo positivo para a região”.


Nascida em Oliveira do Hospital, a Associação passa a ter sede neste concelho que no dia 15 de outubro, “conquistou de forma inglória, o título da terra queimada”, lamentou Luís lagos. “Foi o concelho que sofreu mais dano, teve mais área ardida e mais mortes”, observou.


Nuno Nunes, conhecido empresário oliveirense na área do comércio e reparação de motos, está entre as vítimas do incêndio de 15 de outubro. Na fatídica noite perdeu 41 motos, sendo que mais de 30 eram de clientes. “Não ficou nada”, contou à Rádio Boa Nova, estimando que o prejuízo ascenda os 400 mil Euros. Agora, recusa-se a cruzar os braços. Já está a trabalhar numa garagem com algum material que já conseguiu, porque os 15 anos de dedicação à empresa a isso obrigam. “Não posso parar, nem baixar a cabeça”, refere, contando que por isso decidiu integrar a Associação “para ver se não somos esquecidos”.

Na empresa Indubeira, localizada na Zona Industrial de Oliveira do Hospital, as instalações não sofreram danos, mas arderam os cinco camiões, num prejuízo perto de 500 mil Euros. Orlando Gouveia tem vindo a repor a frota com viaturas usadas e conforme as necessidades. A sua quinta, em Santa Ovaia, também ardeu, incluindo animais. Conseguiu salvar a casa. Entende, por isso, que deve integrar a Associação porque “juntos temos mais força”.

É com desânimo que Luís Miguel Falcão de Brito faz contas aos prejuízos. Perdeu 30 hectares de olival e 70 hectares de floresta certificada. Perdeu a azeitona deste ano e a dos próximos 10, no caso de avançar com a replantação do olival. Em causa está um prejuízo de “centenas de milhares de Euros” que Luís Miguel Falcão de Brito não vê como recuperar. “Com os apoios que estão em cima da mesa vai ser o abandono total”, refere o também proprietário de um lagar de azeite, onde fez um investimento na ordem dos dois milhões de Euros e que, em período de campanha, dava emprego a 12 colaboradores. Agora, só conta com cinco funcionários, porque se prevê uma colheita de azeitona muito fraca. “Não sei qual vai ser o futuro”, continuou, confessando-se “muito desanimado” com a situação atual.

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