O território da Beira Serra Conta agora com uma equipa especializada de apoio às vítimas de violência doméstica, no âmbito do protocolo para a Territorialização da Rede Nacional de Apoio às Vítimas de Violência Doméstica, assinado ontem em Oliveira do Hospital, na presença da Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Rosa Monteiro.
O protocolo tem efeito prático na constituição do Gabinete Intermunicipal de Apoio às Vítimas de Violência Doméstica da Beira Serra, sob coordenação da ADIBER – Associação para o Desenvolvimento Integrado da Beira Serra. Instalado em Góis, o Gabinete que conta com o apoio profissional de duas técnicos de serviço social com formação em psicologia já iniciou atividade no passado dia 2 de novembro. O projeto envolve os quatro Município da Beira Serra: Oliveira do Hospital, Tábua, Arganil e Góis e implica um trabalho em rede com as equipas já anteriormente criadas para o efeito em cada um dos municípios.
Assim acontece, porque, como referiu ontem a Secretária de Estado para a Cidadania a Igualdade, Rosa Monteiro, “o crime de violência doméstica é um crime que nos envergonha”. Informou que só neste ano, no quadro do crime de violência doméstica “foram assassinadas 14 mulheres, uma criança e cinco homens, números que são sempre enormes”, assinalando contudo com satisfação que têm vindo a diminuir.
“Há agora mais dados, mais indicadores e mais informação que nos têm permitido dar passos mais consistentes”, referiu. Segundo a governante a solução não passa por “respostas avulsas, nem voluntaristas”, pelo que o apoio deve passar por uma “equipa especializada e não na lógica de vizinhanças”. “Sei que este projeto vai ser um sucesso e que terá continuidade no futuro”, afirmou.
Com um historial de 10 anos de defesa da igualdade de género e luta contra a violência doméstica, no âmbito do Plano Municipal para a Igualdade, Oliveira do Hospital foi o Município anfitrião da assinatura do protoloco. José Francisco Rolo, presidente da autarquia partilhou a “honra” de acolher tal ato, considerando que a “criação desta equipa multidisciplinar” é “o cumprir de mais um objetivo de um longo percurso de dar mais dignidade à vida de mulheres e de seres humanos, a trabalhar em rede neste território, unindo Tábua, Góis, Arganil e Oliveira do Hospital”. A dar conta do trabalho, que enquanto técnico da ADIBER partilhou com Miguel Ventura, “O Montanha de Oportunidades”, o autarca oliveirense partilhou com a secretária de Estado a disponibilidade do território para “proteger e dar mais dignidade a quem mais sofre”.
A estrutura de apoio e acompanhamento das vítimas de violência doméstica está em funcionamento desde o dia 2 de novembro, no âmbito da aprovação da candidatura apresentada pela ADIBER através do Programa Operacional de Inclusão Social e do Emprego. Miguel Ventura, diretor da ADIBER adiantou que o projeto tem prazo de execução de 20 meses “para desenvolver um trabalho que demonstre e que justifique o trabalho desta estrutura para o futuro”.
Na prática, passa pela constituição de um gabinete intermunicipal de apoio à vítima, descentralizado a todo o território, com o apoio do Municípios parceiros. “Vão ter gabinetes próprios em cada um dos Municípios parceiros, para facilitar e aumentar a proximidade com as vítimas e os cidadãos de todo este território””, explicou Miguel Ventura.
Manuel Albano, da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género considerou, ontem, que a violência doméstica é “uma forma grosseira de violação dos direitos humanos e partilhou a campanha que está a ser promovida a nível nacional contra a violência doméstica, com a mensagem: “Enquanto houver uma mulher vítima de violência doméstica não vai ficar tudo bem: denuncie, peça ajuda!”