A nossa mente é o produto de uma série de mudanças e adaptações as quais se traduzem em incontestáveis vantagens evolucionárias, mas simultaneamente podem criar importantes dificuldades e desvantagens dentro do contexto cultural moderno.
As mudanças sociais ocorridas nas sociedades ocidentais modernas, traduzidas pelo individualismo, competitividade e materialismo, refletem-se num decréscimo da saúde mental, com contornos bem marcados, especialmente em pessoas mais jovens. Já as mudanças verificadas no padrão de beleza, os estereótipos sociais em relação à mulher e à significação da magreza e do controlo alimentar, assim como a mensagem médica em prol de um padrão alimentar restritivo e baixo em calorias, e a expansão das indústrias alimentares e de cosmética, constituem fatores sociais que exercem uma pressão para a procura da magreza, o qual é considerado como o principal desencadeador da patologia alimentar.
As dificuldades e os problemas associados à necessidade de pertencer a um grupo e de competir dentro deste mesmo grupo pode levar a várias respostas, incluindo o desejo de controlar a alimentação e a perda de peso.
Em suma, nas sociedades em que objetificam o corpo feminino e criam expectativas de sucesso, poder e felicidade associadas a uma aparência física atraente, o corpo pode tornar-se um meio para competir por determinada posição social e pela aceitação e valorização, e estar ligado à própria identidade especialmente em mulheres mais inseguras, e que experienciam maiores níveis de vergonha e que se mostram mais ansiosas em situações sociais.
Mariana Guilherme – Psicóloga Clínica e da Saúde