A realização de um minuto de silêncio pelas vítimas mortais da tragédia de outubro marcou, ontem, a comemoração do 96º aniversário da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Oliveira Hospital (AHBVOH).
Assim quis, Emídio Camacho, comandante dos bombeiros da cidade para lembrar as 12 vítimas mortais verificadas no concelho, mas também para notar que todos os bombeiros “foram, sem exceção, grandiosos no seu empenho” na tragédia de 15 de outubro. Em dia de festa para a corporação, o responsável registou o facto de a família dos bombeiros estar toda presente. “Apesar de tanta desgraça, estamos todos aqui a comemorar os 96 anos desta Associação. O meu muito obrigado”, referiu, fazendo questão de agradecer a todos quantos fazem parte da Associação Humanitária, beneméritos, entidades e empresas que têm ajudado os bombeiros, e em particular, ao presidente do Município de Oliveira do Hospital que diz ser um “bombeiro sem farda” com quem vivenciou “dia e noite momentos dolorosos e de total destruição”. “Continuaremos sempre juntos. Somos uma grande equipa e estamos aqui”, referiu.
A propósito do grande incêndio de outubro, o presidente da Federação dos Bombeiros do distrito de Coimbra mostrou-se satisfeito pelo relatório apresentado a 20 de março. “Havia a tentativa de tornar os bombeiros no bode expiatório, mas felizmente o relatório revelou que haveria outras entidades com mais responsabilidade, que deveriam ter atuado mais atempadamente”, referiu Fernando Carvalho.
A representar a Liga de Bombeiros Portugueses, José Fernandes partilhou a “tristeza” que sentiu ao entrar no concelho e ver “tudo queimado e tudo morto”. Em contraste, o responsável deu conta da sua alegria pela formatura de bombeiros a que assistiu, pela fanfarra que disse ser “das melhores do país”, pelo corpo ativo “disciplinado, treinado e bem formado”, por ter visto “uma escola de infantis e cadetes tão bonita”. “Parabéns senhor comandante”, referiu José Fernandes, dirigindo-se ainda ao presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital para lhe dizer que embora tenha “o concelho morto”, “tem aqui sementes para renascer das cinzas”.
“Poderíamos não estar cá hoje. Mas felizmente estamos cá. O nosso coração está com as famílias dos que partiram”, afirmou o presidente da autarquia que fez referência ao recém apresentado relatório sobre os incêndios de outubro para verificar que os bombeiros não tiveram culpa da tragédia ocorrida. “As populações achavam que a culpa era dos bombeiros”, lamentou José Carlos Alexandrino, lembrando que desde a primeira hora destacou a impotência dos bombeiros face à força do incêndio que chegou a apelidar de “ciclone de fogo”.
Por isso, disse ter sentido “nojo” pela “cambada de ignorantes” que foi para as televisões “discutir os incêndios como se discutissem um jogo de futebol”. “Num jogo estamos a falar de golos, nos incêndios estamos a falar de vidas humanas e de mortes”, elucidou o autarca.
A cerimónia ficou ainda marcada pela inauguração de duas ambulâncias, uma delas oferecida pela Fundação Oriente, com o próprio presidente, Carlos Monjardino a proceder à sua entrega, como forma de ajudar a corporação e o concelho “depois da horrível tragédia”.