Site icon Rádio Boa Nova

Alterações climáticas voltam a provocar baixa colheita de mel na Serra da Lousã

mel da serra da lousã

A produção de mel da Serra da Lousã voltou este ano a ser muito baixa, à semelhança do que tinha acontecido em 2022, devido às condições climatéricas desfavoráveis. Quem o diz é Ana Paula Sançana, responsável da Cooperativa Lousãmel, em declarações à agência Lusa.

Em 2022, segundo esta dirigente, a quantidade de mel que os cerca de 200 associados no ativo entregaram à cooperativa rondou as cinco toneladas, num ano que já tinha ficado muito longe de alguns valores conseguidos em crestas da última década.

A diretora executiva da Lousãmel admitiu, por outro lado, que o levantamento das mais recentes produções dos apicultores da região demarcada do mel com denominação de origem protegida (DOP) Serra da Lousã, por razões administrativas associadas ao processo de certificação, está ainda por concluir, apesar de a colheita de mel ter decorrido entre julho e agosto.

“O caderno de certificações da Serra da Lousã está a ser alvo de alterações”, explicou, para sublinhar que 2023, no geral, foi um ano mau. Porém, a quantificação das colheitas, designadas por crestas no mundo apícola, está ainda em avaliação, ressalvou Ana Paula Sançana.

“Alguns apicultores já não certificam o mel, devido a encargos tão grandes que têm de assumir com o processo”, lamentou.

Nos últimos anos, enfrentando acrescidas dificuldades, algumas relacionadas com as alterações climáticas, mas também em resultado dos ataques da varroa e da vespa asiática às colmeias, a Lousãmel “tem travado uma dura batalha para manter o mel DOP Serra da Lousã como uma bandeira da região”.

“É importante certificar, para haver uma garantia do produto”, defendeu a responsável técnica da Lousãmel, com sede na Zona Industrial dos Matinhos, na Lousã, cuja direção é presidida pelo apicultor António Carvalho.

Mel reduz quantidade, mas mantém qualidade

Ana Paula Sançana assegurou que “o mel continua com muito boa qualidade”, num ano em que, reiterou, as quantidades colhidas “são novamente muito baixas”, de acordo com dados parciais fornecidos pelos produtores.

“Temos cada vez menos biodiversidade”, referiu, indicando que a seca foi este ano o aspeto que mais pesou nos fracos resultados do setor, na região demarcada e em geral de norte a sul de Portugal.

O mel DOP Serra da Lousã atinge atualmente o preço de 16 euros por quilo no mercado.

Em 2018, a quantidade do produto certificado ficou-se pelos 900 quilos, a mais baixa dos últimos 30 anos, devido aos graves incêndios de 2017, que consumiram extensas áreas florestais onde predominavam os urzais, cujas flores estão na base das características únicas deste mel.

A tonalidade escura é uma das características do mel DOP Serra da Lousã, que é produzido nos municípios de Arganil, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Góis, Lousã, Miranda do Corvo, Pampilhosa da Serra, Pedrógão Grande, Penela e Vila Nova de Poiares, nos distritos de Coimbra e Leiria.

/// Lusa

Exit mobile version