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Alexandrino revela que no executivo (PSD) anterior ao seu foram atribuídos 55 subsídios no montante de 349 mil Euros às fábricas da Igreja

A polémica em torno do subsídio de 6600 Euros atribuído pelo Município de Oliveira do Hospital às fábricas da igreja levou o presidente da autarquia a revelar que o executivo anterior à sua chegada à Câmara,…

… liderado pelo PSD, atribuiu 55 subsídios, num valor total de 349 mil Euros às fábricas da igreja.

Foi com recurso a números bem visíveis que José Carlos Alexandrino informou dos subsídios que o seu antecessor no executivo municipal dirigiu às fábricas da igreja, depois ter sido acusado estar a subsidiar o salário de três padres do concelho, sendo mesmo notícia num jornal nacional.

Em reunião da Assembleia Municipal, realizada na sexta-feira à tarde, o autarca oliveirense, eleito pelo Partido Socialista considerou que o PSD, através da sua única vereadora no executivo, se “posicionou mal” ao votar contra o subsídio, porque “quem deu informação à senhora de que era para pagar os salários aos padres enganou-a”.  José Carlos Alexandrino viria, logo depois a dizer que “a verdade vem sempre ao de cima” e recordou a data de 9 de outubro de 2005, para lembrar o dia em que aconteceram eleições em Oliveira do Hospital e em que o PSD ganhou. Logo revelou, exibindo uma folha com números bem visíveis, que “entre 2004 a 2009 foram atribuídos 55 subsídios às fábricas da igreja”. “Será que atribuiu mal? Acredito que não”, considerou.

“De 2004 a 2009, atribuiu 349 mil Euros às fábricas da igreja. Atribuiu mal? Não me parece”, continuou o autarca, verificando que o protocolo que realizou e que determina a distribuição de 230 Euros para cada fábrica da igreja, com duplicação para a paróquia de Oliveira do Hospital “não é para pagar a padres”

“O PSD ao votar contra, posicionou-se mal”, considerou José Carlos Alexandrino, notando que “houve alguém que montou aqui um circo, quando até é o bispo que lhes (aos padres) paga o ordenado mínimo”. “Isto sairá caro ao PSD, por ter cavalgado uma mentira absolutamente ridícula. Até desculpo porque acredito que a senhora vereadora foi enganada”.

A propósito da relação com a Igreja, o autarca contou que, quando entrou para a Câmara Municipal, em 2010 foi convidado “para levar o pálio na festa de Sant’Ana. “Eu disse que não, porque disse que depois na minha aldeia logo iam reivindicar para que fizesse o mesmo”, contou, referindo também que foi falar na missa da igreja da sua aldeia a convite do pároco e que o fez com “simplicidade” e para fazer um balanço dos casos do Covid-19.

A polémica da atribuição do subsídio às fábricas da Igreja foi um dos temas dominantes da Assembleia Municipal que, devido à Covid-19, decorreu no Salão Multiusos da Obra D. Josefina da Fonseca.

Sérgio Minas, deputado do CDS-PP foi o primeiro, no período antes da Ordem do Dia, a questionar a política de atribuição de subsídios extraordinários seguida pelo Município, lembrando que, “nos anos de 2018 e 2019, respetivamente, atribuiu 740 mil euros  e 535 mil euros, o que representa 1 milhão e 275 mil Euros a associações, clubes, paróquias e IPSS para finalidades diversas”. “Não me interpretem mal, mas os pontos chaves a reter são a transparência de critérios e otimização de recursos”.

A esta intervenção, seguiram-se entretanto outras em defesa do executivo e do presidente José Carlos Alexandrino.

Para Carlos Inácio, deputado do PS, “não é aceitável, nem admissível, o que se está a passar neste momento”.  “Escondem-se anonimamente, com ataques sombrios e vis, à pessoa do senhor presidente que há vários anos tem mudado o modo de estar neste concelho. A Câmara Municipal é uma Câmara de porta aberta. Isto não é merecido o que se está passar. Entendo que há momentos de mudança e ataque-se de modo ignóbil. E quem o faz, faz esquecendo-se do passado. Eu espero que façam um ato de contrição e sejam católicos e mudem o comportamento”, referiu.

O jovem deputado socialista André Pereira, entende que “temos o dever de preservar o nosso património e funcionamento das infraestruturas do nosso concelho”. Quanto ao subsídio, acredita que “foram tomadas as devidas providências e que protocolo que vai realizar não deixará espaço para dúvidas”. “O PS é o primeiro a afirmar que as paróquias não são juntas de freguesia, este dinheiro pertence ao esforço dos contribuintes e não compete à Santa Igreja geri-lo. Dizem os textos sagrados em Mateus 22-21, a César o que é de César, a Deus o que é de Deus. Palavra da Salvação”, clarificou o jovem deputado.


Em jeito de resposta àquela foi a intervenção do deputado do CDS, Sérgio Minas, o socialista Francisco Garcia lembrou que “neste concelho quem andou sempre ligado à igreja foi o PSD”. “O PSD na pessoa do Senhor Presidente da Câmara e do senhor vice-presidente é que carregavam os andores católicos, não falhavam. Destes executivos não tenho conhecimento que nenhum elemento ande a transportar andores ou em festividades religiosas. O CDS já devia ter memória que quem foi de beija mão ao Clero foram os seus governantes”, referiu. Já “quanto às verbas (do subsídio) são perfeitamente fiscalizáveis e equitativas”, esclareceu Francisco Garcia.

Também Rui Monteiro, do PS, saiu em defesa do executivo municipal. “Não há nenhum subsídio que seja concedido que não tenha um protocolo que o formalize e que determine qual o seu objetivo e que preveja a sua sindicância. Vir aqui apelar à maior transparência, quando não houve a tentação de perguntar como funciona não fica bem”, afirmou

Carlos Maia, presidente da União de Freguesias de Ervedal e Vila Franca da Beira, numa intervenção inflamada, em que criticou “o blogue de dois ou três despeitados”, incentivou o presidente do Município para que “continue em frente”. “Nós estamos de cara bem levantada. Os oliveirenses bem nos conhecem e sabem bem qual a nossa postura e qual é a nossa prática”, sustentou.

Também a presidente da Assembleia Municipal de Oliveira do Hospital, Dulce Pássaro se posicionou acerca desta matéria. “Daquilo que eu conheço que é o escrutínio a que está sujeita a disponibilização de dinheiros públicos, de há uns anos a esta parte, e não foi sempre assim, não há espaço para favorecimentos”. “Eu conheço o caráter do professor José Carlos e do seu executivo. Ele não é tolo, nem ingénuo e é um político experiente. Ele não ia agora fazer uma coisinha de disponibilizar uns dinheiros que não pudesse fundamentar. Percebi logo que era uma manobra política, própria do período em que estamos a entrar”, considerou.

Nota: Restantes audios ainda em processo de carregamento.

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