O presidente do Município de Oliveira do Hospital disse hoje, em videoconferência, que o único caso positivo de Covid-19 relacionado…
… com o concelho é da utente do lar de S. Paio de Gramaços “infetada em Coimbra, que nunca regressou a Oliveira do Hospital”.
“As coisas estão a correr bem, mas não se pode deixar de fazer pressão na mola. Teremos que ter cuidados redobrados”, assim reforçou José Carlos Alexandrino que, em direto no noticiário das 12h00 da Rádio Boa Nova, informou que, até ao momento “já foram testadas 20 pessoas através dos testes de zaragatoa e não houve nenhum caso positivo”. O autarca referiu, contudo, que aguarda pelo resultado dos testes feitos a “três casos que nos preocupam”.
José Carlos Alexandrino partilhou ainda os dados disponíveis e atualizados até à meia noite de ontem e que davam conta de: um caso positivo (a mulher utente do lar de S. Paio de Gramaços), quatros casos de contacto de vigilância ativa e 12 pessoas em vigilância passiva.
“Dos quatro casos, foram feitos três testes de zaragatoa, mas estão demorados cerca de 72 horas devido ao elevado número de análises que estão ser feitas”, informou, referindo que “estes testes são feitos no Hospital dos Covões e num laboratório em Viseu”.
Do conjunto de 600 testes encomendados pela Câmara Municipal, Alexandrino referiu, esta manhã, que “já teve acesso a uma encomenda, primeiro de 20 (testes) e depois 50. “Esses testes têm validade, vieram da Alemanha e têm sido aplicados pelo laboratório da Fundação Aurélio Amaro Diniz (FAAD) sob supervisão do presidente do Conselho de Administração, o Dr. Álvaro Herdade e a Srª Delegada de Saúde, a Drª Guiomar Sarmento”. “Dos 30 a 40 testes já feitos na FAAD, estes três foram inconclusivos e por isso fazemos os testes da zaragatoa, que nos dão resultados mais conclusivos”, referiu.
“Como sabem, o primeiro caso sinalizado em Portugal foi em 2 de março e, passado um mês, ainda não temos nenhum caso. Não digo que não vamos ter nenhum caso, isso seria ótimo, seria muito bom. Mas, isso não depende só de nós”, reforçou José Carlos Alexandrino.
“Uma das preocupações que temos tido é dos utentes dos lares. Alguns dos nossos idosos fazem hemodiálise num centro em Mangualde, onde apareceram infetados, como é caso de uma senhora de Seia que faleceu. Temos feito um acompanhamento de caso a caso. Outras pessoas de risco são pessoas que vão aos hospitais centrais e podem ser lá infetadas. Quem vai, fica em isolamento profilático durante 14 dias. É por isso que podemos minorar os casos no nosso concelho”. Adiantou o autarca que “há monitorização permanente das pessoas”. “Em lares temos 540 pessoas e 512 em apoio domiciliário. É um número extremamente grande”, frisou.
Nesta luta contra a pandemia, José Carlos Alexandrino agradece “à maioria do povo oliveirense”.
Assegura que os casos em vigilância têm sido seguidos pelos médicos do Centro de Saúde e delegada de Saúde. “O centro de saúde reorganizou os serviços. Estão a fazer o que está certo numa situação de emergência”, observou o autarca.
“A Câmara Municipal tem distribuído material pelas IPSS, Centro Saúde e pelos bombeiros. Os lares estão a cumprir à risca o plano estabelecido. Há lares com melhores condições do que outros para cumprir os isolamentos. Fazemos este trabalho não hoje, mas desde há 15 dias com supervisão do Dr. José Francisco Rolo”, referiu.
Neste trabalho contra a pandemia, José Carlos Alexandrino destaca o trabalho da FAAD, que para além de realizar os testes rápidos, disponibilizou o serviço de RX, para os casos que durante o dia cheguem ao Centro de Saúde, com queixas de faltas de ar. “A FAAD presta um serviço relevante ao concelho e à região. Todos os que trabalham lá e o presidente do Conselho de Administração têm sido incansáveis na resolução das suspeitas”.
Sobre as pessoas que têm chegado ao concelho, o presidente do Município verifica que as “quarentenas têm corrido bem”, pelo que agradece ao comandante da GNR, assim como aos presidentes de Junta de Freguesia e aos comandantes dos bombeiros voluntários de Lagares da Beira e Oliveira do Hospital.
Pese embora o atual momento de pandemia, Alexandrino continua a considerar que os emigrantes são bem vindos ao seu concelho, devendo contudo, obedecer às regras. “Quando o país atravessou dificuldades, foram as remessas de emigrantes que ajudaram o país, por isso se as pessoas são naturais de Oliveira do Hospital e têm cá segunda habitação não vejo problema que venham para a sua terra. São é obrigados a fazer quarentena. No dia 1 de abril acabaram de fazer quarentena 14 emigrantes e nenhum teve problema e já podem circular dentro das restrições que existem. Tivemos dois casos em que as pessoas achavam que podiam fazer tudo sem problemas nenhuns”, contou o autarca, que pondera endurecer as regras “para não deixar entrar o Covid-19”.
A esta altura, José Carlos Alexandrino regista com agrado a postura dos empresários do concelho que não hesitaram em fechar as suas unidades e entrar em layoff, caso das empresas de confeções, algumas das quais estão a produzir equipamentos necessários para fazer face à propagação do vírus, como batas, túnicas, cogulas e outros materiais.
Agradeceu de igual modo, à empresa Quinta de Jugais que entregou algumas toneladas de alimentos no Banco de Recursos Sociais, que tem estado a apoiar várias famílias do concelho. Para além do apoio social, Alexandrino destacou o apoio psicológico que está ao dispor dos oliveirenses através dos números 238 605 268 e 238 605 269.
No início do mês que é considerado o “mais crítico” da pandemia, José Carlos Alexandrino, lembra a todos que “devem ficar em casa”.
“Aquilo que me tem chocado é sobretudo nos supermercados. Para algumas pessoas é como se não estivesse nada a acontecer. Não sabemos como o vírus se comporta, vamos ter que ter uma defesa de responsabilidade. Para amanhã estarmos juntos, hoje temos que estar separados”, afirmou, mostrando-se igualmente preocupado com “os cafés”. “Vou pedir à GNR para identificar as pessoas por desobediência quando estão cá fora todas as juntas”, avisou.
Ainda sem motivos de preocupação, José Carlos Alexandrino garante que o Município está preparado caso a situação se agrave. “Gostaria que não fosse preciso, mas Oliveira do Hospital tem vários centros de acolhimento temporário se houver fecho de um lar ou aumento expressivo do número de infetados. Temos o centro de emergência de Travanca de Lagos com 16 camas, o pavilhão municipal com 50 camas, o pavilhão da Ponte das Três Entradas com 30 camas, o pavilhão da Cordinha com 45 camas, o pavilhão de Lagares da Beira com 33, a Residencial do Parque de Campismo de S. Gião com 18 camas, o que totaliza 162. Estamos preparados”, especificou o autarca, referindo que o Município adquiriu colchões ao grupo Aquinos e recebeu placas de divisão por parte da Sonae.
Até à data, a Câmara Municipal “já gastou 50 mil euros”. “Se tivermos onde comprar, não nos faltará dinheiro para comprar material para equipar as nossas instituições”, assegurou José Carlos Alexandrino.
O momento é de conter a entrada do novo coronavírus no concelho e de antecipar a ajuda que deve ser dada à população. José Carlos Alexandrino está muito preocupado com os pastores e agricultores, mas também com o pequeno comércio. “A minha equipa está a ver os apoios que há para o comércio”, referiu, contando que na próxima semana vai reunir através de videoconferência com a ministra da Agricultura.