O Ministério Público concluiu que a morte de Mariana Cruz, após embater numa porta de vidro na Escola Secundária de Seia, teve “causa acidental” e “determinou o arquivamento do inquérito por inexistência de crime”. A jovem faleceu a 11 de janeiro de 2024.
O acidente ocorreu quando Mariana se dirigiu apressadamente a uma porta que dava acesso às traseiras do Bloco C do estabelecimento de ensino. Julgando que a porta estaria apenas encostada, como seria habitual, empurrou-a com o corpo. Estava afinal trancada. O embate provocou a quebra do vidro, e um estilhaço com cerca de 15 centímetros perfurou-lhe o peito, atingindo o pulmão. Apesar de ter sido socorrida e transportada com urgência ao hospital, Mariana acabaria por não resistir aos ferimentos.
De acordo com o despacho de arquivamento a que o jornal Correio da Manhã teve acesso, “não houve qualquer interferência externa ou intenção da vítima”, sustentando que tudo resultou de uma infeliz coincidência.
As autoridades ouviram testemunhas que estavam presentes no local, incluindo uma colega que seguia atrás de Mariana no momento do impacto. A jovem, em estado de choque, terá gritado “eu matei-a”, temendo que ao tentar agarrar no braço da amiga pudesse ter causado algum dano.
A investigação aponta também para o estado emocional frágil de Mariana. A jovem era acompanhada pela psicóloga escolar desde o ensino básico, devido a episódios de ansiedade, e mostrava sinais de tristeza profunda após a morte da avó materna. No próprio dia da tragédia, terá discutido com a mãe ao telefone, situação que, segundo colegas, a deixou visivelmente abalada.
A vítima acabou por ser transportada de ambulância para o Hospital de Seia em manobras de suporte avançado de vida com o apoio da equipa do helicóptero do INEM, mas não foi possível reverter a situação.
As autoridades afastaram a hipótese de intervenção de terceiros na morte da adolescente do 11º ano, mas o processo seguiu para o Tribunal de Seia que determinou agora o seu arquivamento.
A morte de Mariana deixou em choque colegas e amigos e toda a comunidade escolar.
Apesar do encerramento formal do caso pelo Ministério Público, a dor e as dúvidas persistem no seio familiar. “Continuamos sem respostas que nos tranquilizem”, referiu padrasto ao mesmo jornal, reafirmando a intenção da família de continuar a lutar por esclarecimentos.