Filho de pastores, o presidente da Associação Nacional de Ovinos da Serra da Estrela (ANCOSE) partilhou com a Rádio Boa Nova a preocupação em torno do setor da ovinicultura que “ainda não está rentabilizado para que possa mobilizar a adesão de gente nova”.
Numa altura em que o Município de Oliveira do Hospital aposta numa grande promoção do Queijo Serra da Estrela, no âmbito da Festa do Queijo, que se realiza já no próximo fim de semana, 23 e 24 de março, Manuel Marques está preocupado com o que possa acontecer com os animais da Serra da Estrela.
Em causa está a redução do efetivo animal na região Demarcada da Serra da Estrela que se situa entre os 60 mil e os 70 mil animais , quando no passado já foi na ordem dos 120 mil.
Uma inversão só será possível por via de mais incentivos e pelo aumento do preço do leite de ovelha da Serra da Estrela “até aos 2 Euros ou 2,5 Euros”.
Quanto ao preço do queijo “está um bocadinho melhor”. “Está-se a vender a 20Euros e a 23 Euros e já ajuda”, referiu, notando que é preciso distinguir o queijo certificado de outro queijo “redondo que apenas tem uma cinta branca à volta e que não pode ser vendido ao preço do certificado”. “O Queijo certificado tem que ser vendido pela qualidade que tem”, defende.
Até aqui, a ANCOSE tem travado “grandes reivindicações” junto do governo e Manuel Marques espera que “os vindouros políticos deste país não esqueçam a agricultura e o interior, que é cá que nós estamos”.
A certeza é de que o dirigente da ANCOSE vai “combater e lutar pela melhoria dos pastores”. “Vamos esperar o que vai acontecer. Se não acontecer, o Manuel Marques fará tudo o que estiver ao seu alcance para reivindicar o melhor para os pastores que represento”, avança o dirigente que não exclui a possibilidade de, “se for preciso”, se barricar na Assembleia da República”.
Para Manuel Marques “os pastores não podem ser o parente pobre da agricultura”. E conclui: “não é pastor quem quer, é pastor quem sabe”.