Diogo Ribeiro, com apenas 18 anos de idade, sagrou-se vice-campeão mundial esta segunda (24) nos Campeonatos Mundiais de Natação. Um feito inédito para o nosso país e também para um nadador com a sua idade. Natural de Coimbra, é ainda dono de uma história de superação que impressiona — de um acidente de mota que o deixou à beira de deixar a competição até se transformar num dos maiores fenómenos do desporto nacional.
Em Fukuoka, no Japão, o jovem de apenas 18 anos ‘rompeu’ a barreira que faltava a Portugal, chegar a um pódio em Mundiais de natação, ao sagrar-se vice-campeão do Mundo de 50 mariposa, juntando a consagração mundial ao sucesso que tem acumulado nos últimos anos nos escalões jovens, onde tem somado recordes nacionais, um máximo mundial júnior e inúmeros feitos pelo caminho, de três títulos mundiais júnior a um bronze na estreia em Europeus e, hoje, uma prata na sua estreia em Mundiais sénior.
Um colecionador de recordes
Diogo Ribeiro tem sido acompanhado pelo treinador brasileiro Alberto Silva, com quem já chegou à marca de tricampeão do mundo júnior em Lima, Peru, em 2022, depois conseguiu apenas o terceiro pódio de Portugal em Europeus, bateu recordes nacionais e um recorde do Mundo júnior. No domingo, quando se apurou para a final dos 50 metros mariposa já estava a ser histórico: era apenas o terceiro luso da história a chegar a uma final nos Mundiais de Natação, depois de Alexandre Yokochi (Madrid1986) e Ana Barros (Perth1991), ou seja, há 37 e 32 anos, respetivamente.
Mas estava escrito que a história não ficaria por ali. Fez ainda melhor e, no final da prova, conseguiu o impulso final que lhe permitiu chegar à prata nesta distância não-olímpica, em que é recordista mundial jovem, e tirar 16 centésimos ao seu anterior máximo registo. Aumenta agora a expectativa em relação aos Jogos Olímpicos de 2024, para os quais já está apurado em três distâncias diferentes.
Já é um atleta isolado em termos de palmarés, deixando para trás qualquer outro com este registo inédito, e as expectativas só podem subir em relação a Paris2024, Jogos Olímpicos para que já está apurado em três distâncias diferentes.
Acidente colocou Diogo à prova
O grave acidente de mota que sofreu em julho de 2021, quando foi apanhado por um veículo pesado, deixou-o à beira de deixar o desporto, sem parte do dedo indicador da mão direita, uma fratura no pé, hematomas e queimaduras. A fisioterapia permitiu-lhe voltar aos treinos, a pouco e pouco, e à ribalta nacional de um talento que esteve quase para deixar as piscinas.
Na ainda muito curta mas já recheada carreira, passou pelo Náutico Académico de Coimbra e pelo União de Coimbra, mas foi depois do ‘salto’ para o Benfica, a partir de 2021/22, que o conimbricense se notabilizou, e em 2022 chegou a resultados que lhe conferiram outro estatuto. Em julho, ‘avisou’ na Argélia, nos Jogos do Mediterrâneo Oran2022, com o primeiro ouro da natação lusa no evento, precisamente nos 50 mariposa, de que já era recordista nacional e passou a ser recordista do campeonato.
O presidente da Federação Portuguesa de Natação, António José Silva, apelida-o de “um grande campeão”, acredita que ele possa ter “muito para evoluir”, e afirmou à Agência Lusa estar “perante um atleta excecional” que trará “grandes conquistas”. A fasquia fica elevada, assim, para o resto dos Mundiais em Fukuoka, uma vez que nadará noutras distâncias.
“Estou muito emocionado devido a todo o trabalho que eu e a minha equipa tivemos no último ano. É incrível. Como provavelmente sabem, tive um acidente de mota. Vir daí para chegar aqui e ganhar uma medalha, a primeira de Portugal, é tão importante”, declarou, após receber a prata, aos microfones da World Aquatics.
“Por tudo isso, chegar aqui e conseguir uma medalha… não consigo explicar. É a primeira medalha para Portugal, é muito importante para nós”, referiu em declarações aos meios do campeonato, assumindo que “não esperava, de todo” a medalha de prata, ele que era o mais jovem finalista. “Estou super feliz e tudo o que quero agora é desfrutar disto com a minha equipa”, concluiu. Festejos que terão de ser contidos, já que o nadador ainda terá as provas de 50 livres, 100 livres e 100 mariposa para fazer, numa longa semana de competição em Fukuoka.
- com Lusa e agências