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Incidência da pandemia está “novamente a aumentar” em Oliveira do Hospital

A par dos números acumulados a 14 dias até ao dia de ontem, um total de 233, o especialista Carlos Antunes alertou, hoje, na Rádio Boa Nova que a taxa de incidência da Covid-19 “está novamente a aumentar” no concelho de Oliveira do Hospital.

No espaço semanal de análise à pandemia da Covid-19 no país e no concelho, o professor e investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, referiu que “a partir de 13 de janeiro” a incidência por 100 mil habitantes recuperou a trajetória ascendente, registando ontem um número de 1210 casos (por 100 mil habitantes). O concelho tem, à data de ontem “233 infetados acumulados nos últimos 14 dias”.

“A incidência está novamente a aumentar. É um mau indício. A taxa de incidência estabilizou ali no final do ano, mas a partir de 10 de janeiro começou a aumentar novamente”, referiu o especialista natural do concelho de Oliveira do Hospital. “Estes vírus ganham, aqui, um paraíso para se reproduzir rapidamente. Nós é que somos agentes transmissores do vírus, não é o vírus. Somos nós  que o transmitimos, é através dos nossos comportamentos e cuidados que podemos controlar esse progresso da infeção”, explicou.

Carlos Antunes aplaude o desafio feito, ontem, pelo presidente do Município de Oliveira do Hospital no sentido de os oliveirenses reduzirem os contactos, nos próximos 15 dias, e serem um exemplo para o país ao travarem a propagação do vírus.

“Acho bem . Reforço essa ideia. Temos que nos consciencializar, mesmo aqueles que eram negacionistas e  que contrariavam as evidências científicas e eram céticos. Devem consciencializar-se do perigo e do risco. Podem sentir-se seguros, mas um dia, mais dia menos dia, podem ter que entrar nos cuidados intensivos e não há cama para lhes dar, para os receber. Isso é muito triste. Entristece-me muito. A quem, como meu, que estou a olhar para os dados há muito tempo e para o aproximar desta realidade, ainda mais me entristece”, lamentou.

“Já esperámos tempo de mais, devia ter sido tomada logo a  decisão (confinamento integral e total)  a 1 de janeiro”.

Portugal atingiu hoje novos máximos, tendo sido reportados mais 14 647 novas infeções e 219 óbitos. Para Carlos Antunes estes são “tristes números”. Na Rádio Boa Nova, o especialista mostrou-se preocupado com a “totalidade da mortalidade” no país, que já “em vários dias com mais de 600 óbitos”, um “excesso de mortalidade que está a ser essencialmente dominada pela Covid”, com “200 a 300 óbitos a mais relativamente à média”.

No dia mais negro da pandemia em Portugal, que apresenta um cenário muito semelhante ao verificada em Itália e Espanha na primeira vaga, Carlos Antunes refere que o país “nunca devia ter deixado chegar a pandemia a onde chegou”. “Os especialistas, e quem percebe o que é uma pandemia, sabe perfeitamente que se lhe dermos espaço para ela progredir, rapidamente nos satura os serviços e nós não temos capacidade para socorrer. Achámos que não era, e que só acontecia aos outros e não nos acontecia a nos e fomos deixando a pandemia progredir. O vírus disseminou-se pelo país todo e agora temos grande dificuldade em conseguir controlar a pandemia”, observou.

“A este nível de incidência, temos que estancar, travar as cadeias de transmissão que já são muitas e algumas já não as controlamos”, continuou o especialista que identifica “as duas medidas que de facto podem conduzir a uma redução drástica: o aumento significativo, duas a três vezes mais, da nossa capacidade de rastreio que inclui inquéritos epidemiológicos e testagem e ter medidas fortes de confinamento de 15 dias, mas de forma integral e total”. “Isso conseguido na Irlanda, na Dinamarca  e em outros país em que em 13 dias conseguiram reduzir os números drasticamente”, referiu.

Com as escolas ainda em funcionamento, Carlos Antunes avisa: “já esperámos tempo de mais, devia ter sido tomada logo a  decisão a 1 de janeiro”.

Atendendo à velocidade da transmissão, o especialista está certo de que a segunda variante do vírus e outras estejam já afetar os portugueses. “Com a nova variante, a carga viral que se desenvolve no nosso trato respiratório superior, chega ser  32 vezes superior à carga viral desenvolvida pela primeira variante. É isso que nos faz ser mais transmissores”, explicou.

Confira a análise completa no vídeo em cima>>>

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