A empresa/ marca Dos Lobos, localizada em Gramaços, no concelho de Oliveira do Hospital está a comemorar 20 anos de atividade, na área de produção do Queijo Serra da Estrela, requeijão, creme de queijo, mel, compotas, vinho, azeite e outros produtos resultantes da agricultura. A produção de Queijo Serra da Estrela velho é o ex-libris da empresa criada pelo conhecido médico cirurgião António Vaz Patto, que deu o seu nome à empresa e que sempre teve o sonho de erguer uma queijaria.
A confidência foi partilhada à Rádio Boa Nova, pela filha Mariana Vaz Patto, que desde 2015, assumiu a gestão da empresa, conferindo novo fôlego ao desejo do pai de fazer o bom queijo Serra da Estrela. O preferido do conceituado médico já aposentado, conta Mariana – a residir em Lisboa, mas a acompanhar de perto a atividade da empresa – é o Queijo Serra da Estrela Velho, aquele de “cortar à machada”.

A queijaria Dos Lobos “sumariza todo o conhecimento” que o pai, António Vaz Patto, “tinha adquirido até à altura, sobre o bem fazer Queijo Serra da Estrela, aquela que ele considerava que era a melhor maneira, as novidades tecnológicas que existam na altura e todos os conhecimentos que ele tinha acumulado como médico de muitos pastores e de muitas queijeiras de toda a região da Serra Estrela”. A filha Mariana conta que o pai era “muitas vezes era confundido com médico veterinário, pela ligação tão estreita ao mundo das ovelhas Serra da Estrela”. O avô de Mariana tinha ovelhas e, por ocasião da sua morte, e, 1969, o filho, já médico de profissão preocupou-se com o “ apuramento da raça” e em “melhorar o seu rebanho”. A entrada de Portugal da União Europeia e o avanço da certificação dos produtos nacionais motivou ainda mais António Vaz Patto, que também “esteve à frente da Ancose, esteve na Estrelacoop e na confraria do Queijo Serra da Estrela e relacionava-se com muitas pessoas do Ministério da Agricultura e das Universidades, falava com muitos produtores e fornecedores ligados ao melhoramento de sementes, prados e pastagens.”
“Chegou-se à conclusão de que a matéria prima ele já tinha e não estava a ser valorizada”, conta Mariana, recordando que no ano de 2001 surgiu a queijaria Dos Lobos com apoio de um projeto europeu, que é alimentada pelo leite do seu rebanho, que agora conta com 300 animais.
“A primeira queijeira foi a Lurdes Morais, o seu marido já trabalhava na empresa. Teve o apoio da D. Laura, vizinha em Gramaços, e da D. Arminda. A queijaria tornou-se também um centro empregador das pessoas”, recorda Mariana Vaz Patto.
A ideia “nunca foi crescer muito em termos de dimensão. A luta tem sido de tentar fazer melhor: em sabor, aspeto, em apresentação ao público e tentar reduzir ao máximo o desperdício que, às vezes, acontece numa queijaria”.

O percurso de 20 anos tem sido marcado pelo sucesso, sobretudo com aquele que é o queijo preferido do fundador Dos Lobos. Começámos a competir e a apresentar o nosso queijo Serra da Estrela no concurso nacional de queijos certificados no âmbito do CNEMA da Feira Nacional de Agricultura de Santarém, desde 2012. “E desde 2012 que, consecutivamente, temos tido medalhas, sendo que num ou outro ano não foi medalha de ouro também com o Queijo Serra da Estrela, mas sobretudo com o Queijo Serra da Estrela Velho”.
Ano após ano, a queijaria Dos Lobos vai aumentando a produção. “No ano de 2020 tivemos produção de 20 mil litros laborados que corresponderam a 5 mil queijos produzidos entre grandes e pequenos. Para o tamanho da nossa queijaria é um número bom”, referiu.
A recuperar dos incêndios de 2017, havendo necessidade de uma grande renovação do efetivo, porque grande parte do rebanho ficou queimada durante os incêndios, a empresa conta agora com mais ovelhas novas, em simultâneo com mais investimento na replantação da pastagem, que se vem a repercutir na qualidade de leite produzido.
O Queijo Serra da Estrela dos Lobos é vendido localmente. “Temos várias entidades que trabalham connosco, várias lojas em Oliveira do Hospital e nos concelhos limítrofes”. A própria queijaria tem “uma zona de expedição com atendimento ao público” e os produtos estão também presentes em algumas lojas em Lisboa. “Fazemos também vendas online através do site e na plataforma Dott”.
Após 20 anos de sucesso, os próximos anos “têm que ser de adaptação, cada vez mais a esta realidade à distância, algo que já fazíamos antes, sobretudo na época do Natal em que já enviávamos queijo para fora”. “E cada vez mais tem que ser isso, de nós chegarmos aos clientes e não os clientes chegarem até nos fisicamente. Temos que ir até eles e melhorar a forma como chegamos até eles. Somos uma unidade muito pequena, às vezes não conseguimos dar os tempos de resposta que gostaríamos de dar”.
Mariana Vaz Patto adianta que o caminho “é de trabalhar no sentido de conseguir um produto, cada vez mais, de melhor qualidade. Há sempre possibilidade de evoluir e de melhorar e entregá-lo nas melhores condições, tanto em termos de tempo, como de qualidade e de imagem, ao cliente final”.
Em todo este caminho, os “colaboradores” são “super importantes” e vistos como “uma família e a alma da empresa”: “temos duas queijeiras: a Daniela e a Vera, com o apoio da D. Arminda (com muito anos de casa), o Carlos Oliveira na organização da parte agrícola, o Sr. Adelino que é o nosso pastor, o Sr. António Ribeiro e o Sr. António Morais, em toda a parte agrícola. Temos também connosco o António Ribeiro Júnior, que veio através da Arcial com quem colaboramos há muitos anos e com muito bons resultados. Esteve connosco a Rosa Cármen, vinda da Arcial, que temos muito orgulho de termos conhecido e que, infelizmente, faleceu, este ano. E também a Engª Patrícia Miranda que está na parte administrativa, no escritório”, fez questão de referir.
Com o Natal à porta, Mariana Vaz Patto faz questão de lembrar que os produtos Dos Lobos, em particular o Queijo, são bons presentes de Natal. “Um produto destes, de qualidade, feito com imenso carinho pelas nossas queijeiras e pastores, acho que faz sentido. Vai-se dar um bocadinho de prazer a quem vai receber esta oferta. Temos também creme de queijo, compotas, marmelada, mel de urze e multiflora, vinho e azeite. Esperamos que ofereça muito prazer a quem vai receber”, comentou a embaixadora Dos Lobos que “nem sequer gostava de queijo”. “Foi um gosto que fui adquirindo ao longo dos anos e que cada vez mais gosto”, confidenciou à Rádio Boa Nova.